Vida nos Cometas
Com a hipótese da
Panspermia (vida em toda parte), “hipótese proposta em 1906 pelo físico e
químico Svante Arrhenius (1859-1927), segundo a qual a vida deve existir no
espaço em forma de esporos, sendo transplantada de um corpo celeste a outro por
meio da radiação de pressão”, p. 602 do livro de Ronaldo Rogério de Freitas
Mourão, Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Rio de
Janeiro, Nova Fronteira, 1987, temos a idéia de que a Vida surgiu fora da
Terra.
Bom, vamos raciocinar.
A Bandeira Elementar
(ar, água, terra/solo e fogo/energia) tem em seu centro a Vida, e no centro do
centro a Vida-racional. Onde há mais de cada um? Não adianta ter muito de um e
nada de outro, como a Lua ou Marte; para ser vivo, planeta, um mundo deve ter
proporções elevadas de cada um. Júpiter é imenso, mas tem grandes quantidades
de hidrogênio e nenhuma superfície que se possa tomar como tal. E assim por
diante. Por outro lado, todo satélite que tenha ar e água e alguma superfície
com metais e minerais em geral, recebendo energia do Sol ou das tempestades
eletromagnéticas planetárias, poderá desenvolver algum gênero de vida.
Por quê devemos
imaginar que no frio inacreditável do espaço distante do Sol, com temperaturas
que estão apenas algumas dezenas de graus acima do zero absoluto, vai surgir vida?
Com qual energia? Não seria mais simples supor que ela vá aparecer nos
satélites jupiterianos, em Marte, na Terra, na Lua, em Vênus e em Mercúrio?
Para quê essas idéias estranhas, procurando no espaço profundo o que pode estar
aqui no nosso quintal?
É mais fácil pensar
que a vida surja sempre nos planetas e vá para o espaço através da ejeção de
material por meteoritos e cometas incidentes, do que pensar que nas condições
adversas do espaço vazio os tijolos vão se combinar para produzir a casa ao
acaso, sem qualquer mecanismo de travamento de retorno, como que uma válvula
koestleriana, que ele chamou hólon.
E mais difícil ainda
é o cometa, porque pelo menos o espaço existe em volta da Terra e até bem
próximo do Sol, com muito calor, neste caso, ao passo que os cometas estão na
Nuvem de Oort, a 0,5 ano-luz, metade de 365,25 x 24 x 3.600 x 300.000 km;
cometas que só vem ao Sol, quando vem, de éon em éon.
Nós devemos pensar
na Vida como uma árvore de probabilidades, que dizer, de encruzilhadas,
percorrendo as pirâmides do modelo. Quanto mais energia mais chance haverá de
os tijolos se chocarem para combinarem dois a dois e permanecerem unidos. Mas a
energia não deve ser tão intensa que formado o par ele seja imediatamente
desfeito, ou de outro modo damos um passo adiante e outro atrás. Depois de
formados os pares, devemos ter quádruplas, mas com aquela válvula K, de
tal modo que os níveis superiores não sejam rebentados logo a seguir, crescendo
a composição em complexidade. E assim por diante, subindo a Escada geral, até
os níveis superiores de organização.
Como é que as
JUNÇÕES COMPLEXANTES (chamemos assim) se darão, na ausência de energia? A
probabilidade de não aparecer a Vida seria tão alta que nem a existência de um
bilhão de universos seria suficiente.
Portanto, de um lado
temos a Bandeira Elementar em estrita combinação, na FAIXA DE MINIMAX PROBABILIDADE,
em relativa proteção, excluído o bombardeio original que no princípio ajudou.
Por aí podemos ver que é um encadeamento tremendo. Como é que ele poderia se
dar no vazio ou nos cometas? É possível surgir algo de relevante numa ilha
minúscula, mas a chance maior estará nos grandes continentes. O ser humano
poderia perfeitamente ter surgido numa ilha qualquer, mas apareceu na África,
que é enorme.
SE a vida tivesse
emergido num minúsculo pedregulho espacial necessitaria não de um bilhão (a
Terra aglomerou-se há 4,6 bilhões de anos e a primeira vida encontrada data de
apenas 0,8 bilhão de anos depois, há 3,8 bilhões de anos) de anos, mas de
dezenas de bilhões. Porque surgiria, mergulharia no torpor da falta de energia,
viria ao Sol, esquentaria, desenvolveria mais um pouco, cairia no sono
novamente, etc.
Pode ser provável,
mas não é razoável.
O que parece mais
certo é que ela tenha surgido nos planetas mesmo, onde ela se encontra agora.
Vitória,
terça-feira, 20 de agosto de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário