quarta-feira, 28 de dezembro de 2016


O Modelo das Cavernas e a Solidão Atual

 

                            Se o modelo das cavernas está certo (a dupla comunidade coletora/caçadora, homens sendo caçadores e mulheres coletoras), então devemos, ao continuar nossa sintanálise, concluir que além de haver duas línguas, existiam também DUAS COMUNIDADES, com dois tipos de sócioeconomia ou de produçãorganização, duas psicanálises de duas psico-sínteses.

                            Uma vivendo dentro da caverna e nas suas cercanias, outra vivendo principalmente nos espaços abertos, uma coletivamente, falando baixo e coloquialmente, outra expansivamente, brincando e festejando, uma sisuda e outra risonha, encarnando cada uma, exclusivamente, um lado do dicionário, o LADO DA MULHER e o LADO DO HOMEM, que eu não sei identificar positivamente quais sejam, pois as coisas parecem embaralhadas, cada lado acreditando num punhado de coisas contrárias.

                            Assim sendo, se as mulheres são expansivas e coletivistas, colocá-las separadas na família monogâmica não parece certo. SE os homens são de sair nos grandes espaços, colocá-los no espaço restrito em volta da casa parece definitivamente errado.

                            A igualdade não pode matar a liberdade.

                            Querer que altos e baixos vistam calças do mesmo tamanho ou vai fazer sobrar em um ou faltar em outro. Desejar que gordos e magros portem as mesmas camisas vai fazer um se sentir folgado demais ou o outro apertado. Forçar para que negros de cabelo pixaim usem pentes de brancos, ou vice-versa, é desrespeitar a um, ao outro, ou a ambos. Eu também desejo fervorosamente a liberdade, mas sei agora que a igualdade é importante também.

                            Estamos, por conta de um modelo errado de igualdade e de liberdade, colocando-nos em torniquetes muito apertados para nossos desejos de liberdade, ou treinando para vôos altos que na média nunca poderão ser feitos.

                            E, se o modelo das cavernas está correto, impor a uns e outros, representações fora de suas trilhas características, impedir que homens festejem em volta das fogueiras de caça, ou que mulheres se enfurnem nos recessos das cavernas pode não apenas estar nos fazendo solitários a não mais poder, mas sim trazendo situações funestas que nos levam aos hospitais do corpo e da mente.

                            Precisamos investigar mais, está claro.

                            Grupos deveriam ser orientados para testar o modelo até os limites, para ver se é ou não verdadeiro. Se for, promover os ajustes, desconstruindo o que tiver sido imposto a contra-senso da nossa dignidade, através do conhecimento máscara, o falso conhecimento na Magia/Arte, na Teologia/Religião, na Filosofia/Ideologia, na Ciência/Técnica e até na Matemática.

                            Vitória, terça-feira, 17 de setembro de 2002.

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