O Modelo das Cavernas
e a Solidão Atual
Se o modelo das
cavernas está certo (a dupla comunidade coletora/caçadora, homens sendo
caçadores e mulheres coletoras), então devemos, ao continuar nossa sintanálise,
concluir que além de haver duas línguas, existiam também DUAS COMUNIDADES, com
dois tipos de sócioeconomia ou de produçãorganização, duas psicanálises de duas
psico-sínteses.
Uma vivendo dentro
da caverna e nas suas cercanias, outra vivendo principalmente nos espaços
abertos, uma coletivamente, falando baixo e coloquialmente, outra expansivamente,
brincando e festejando, uma sisuda e outra risonha, encarnando cada uma,
exclusivamente, um lado do dicionário, o LADO DA MULHER e o LADO DO HOMEM, que
eu não sei identificar positivamente quais sejam, pois as coisas parecem
embaralhadas, cada lado acreditando num punhado de coisas contrárias.
Assim sendo, se as
mulheres são expansivas e coletivistas, colocá-las separadas na família
monogâmica não parece certo. SE os homens são de sair nos grandes espaços,
colocá-los no espaço restrito em volta da casa parece definitivamente errado.
A igualdade não pode
matar a liberdade.
Querer que altos e
baixos vistam calças do mesmo tamanho ou vai fazer sobrar em um ou faltar em
outro. Desejar que gordos e magros portem as mesmas camisas vai fazer um se
sentir folgado demais ou o outro apertado. Forçar para que negros de cabelo
pixaim usem pentes de brancos, ou vice-versa, é desrespeitar a um, ao outro, ou
a ambos. Eu também desejo fervorosamente a liberdade, mas sei agora que a
igualdade é importante também.
Estamos, por conta
de um modelo errado de igualdade e de liberdade, colocando-nos em torniquetes
muito apertados para nossos desejos de liberdade, ou treinando para vôos altos
que na média nunca poderão ser feitos.
E, se o modelo das
cavernas está correto, impor a uns e outros, representações fora de suas trilhas
características, impedir que homens festejem em volta das fogueiras de caça, ou
que mulheres se enfurnem nos recessos das cavernas pode não apenas estar nos
fazendo solitários a não mais poder, mas sim trazendo situações funestas que
nos levam aos hospitais do corpo e da mente.
Precisamos
investigar mais, está claro.
Grupos deveriam ser
orientados para testar o modelo até os limites, para ver se é ou não
verdadeiro. Se for, promover os ajustes, desconstruindo o que tiver sido
imposto a contra-senso da nossa dignidade, através do conhecimento máscara, o
falso conhecimento na Magia/Arte, na Teologia/Religião, na Filosofia/Ideologia,
na Ciência/Técnica e até na Matemática.
Vitória,
terça-feira, 17 de setembro de 2002.
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