Programa Tropical de P&D
Escrevi
um texto denominado Ocultamento Econômico (poderia ter completado como
Ocultamento Socioeconômico), mostrando como o Brasil poderia seguir uma trilha
de desenvolvimento próprio a partir da opção por suas populações ameríndias,
européias, asiáticas e africanas, agora em crescente miscigenação.
O
que significaria em termos de apoio a essa vertente um programa tropical e
brasileiro de pesquisa & desenvolvimento?
Em
primeiro lugar deveríamos mirar as pessoas tropicais ou brasileiras (indivíduos
brasileiros, famílias brasileiras, grupos brasileiros e empresas brasileiras)
em seus ambientes tropicais ou brasileiros (municípios/cidades brasileiras,
estados brasileiros, nação brasileira, na parte do mundo de feição brasileira).
Em segundo lugar, isso corresponderia a mirar a Psicologia brasileira (figuras
ou psicanálises brasileiras, objetivos ou psico-sínteses brasileiras, economias
ou produções brasileiras, sociologias ou organizações brasileiras, espaçotempos
ou geo-histórias brasileiras). Em terceiro lugar, há que ser pesquisa (teórica)
& desenvolvimento (prático), o que quer dizer favorecimento das patentes,
dos modelos de utilidade, das marcas, dos programas ou softwares, dos direitos
autorais brasileiros e voltados para o Brasil e os trópicos, e das
investigações mais profundas. Em quarto lugar, favorecer as tecnartes
brasileiras (T/A-B da visão brasileira: fotografia brasileira, pintura
brasileira, desenho brasileiro, dança brasileira, poesia brasileira, prosa
brasileira, moda brasileira, etc.; T/A-B da audição brasileira: música
brasileira, discurso brasileiro, etc.; T/A-B do paladar brasileiro:
comida brasileira, bebida brasileira, pasta brasileira, tempero brasileiro,
etc.; T/A-B do olfato brasileiro: perfumaria brasileira, etc.; T/A-B do tato
brasileiro, sentido central: urbanismo brasileiro, paisagismo/jardinagem
brasileira, cinema brasileiro, teatro brasileiro, decoração brasileira,
tapeçaria brasileira, arquiengenharia brasileira, esculturação brasileira,
etc.). Em quinto lugar, PARA QUEM É? Para operários brasileiros, para
intelectuais brasileiros, para financistas brasileiros, para militares
brasileiros, para burocratas brasileiros.
Enfim,
todo enquadramento do modelo.
QUAL
É O FEITIO da figura a quem se atenderá?
Qual
é o corpo e qual é a mente? Quais são os corpomentes, quais os órgãos? Qual é a
temperatura média? Quanto cai de chuva em cada ponto do território nacional?
Quais as altitudes, as longitudes, as latitudes? Qual é o veio geo-histórico?
Qual o fundo civilizatório? Que tipos de mestiçagens se deram? Que gostos se
desenvolveram? Que perspectivas do passado, do presente e do futuro se
manifestaram? Com que nações o Brasil se liga?
Isso
orientará as universidades, centros de P&D, institutos, governos e empresas
para a busca, para o que nos atenderá finalmente com mais conforto, o que nos
alegrará, que nos fará vibrar verdadeiramente em uníssono.
Para
pegar esse caminho há que ter audácia, confiança em si, grandeza, independência
que vá além da proclamação de 7 de Setembro. Como conseguiremos nos
autodisciplinar para essa atitude nova em nossa existência
políticadministrativa? Em algum momento vão surgir esse povo brasileiro, essas
lideranças (sindicais, estudantis, comunitárias) brasileiras, esses profissionais
(políticos, liberais, professores) brasileiros, pesquisadores (mestres,
doutores e pós-doutores) brasileiros, estadistas brasileiros, santos e sábios
brasileiros, iluminados brasileiros capazes de ver mais longe, abraçando todo o
povelite ou nação brasileira.
Vitória,
quarta-feira, 11 de setembro de 2002.
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