Construindo o Inimigo Externo
Depois
do 11 de setembro de 2001, com o atentado do WTC, as torres gêmeas do World
Trade Center, os EUA endureceram interna e externamente. Também, foi um choque,
ser atingido pela primeira vez DENTRO MESMO do país. Porque antes dos Estados
Unidos entrarem na II Guerra Mundial o Havaí foi atingido, mas ele era então
território, só tendo sido transformado em estado (o qüinquagésimo, 50º) em
1959. Situa-se a milhares de quilômetros do continente, é composto basicamente
de um povo não-branco posto em algumas ilhas vulcânicas com 16,7 mil km2
(pouco mais de 1/3 do território do ES), e era e é uma economia literal e
metaforicamente periférica. Quanto à Guerra de Independência em 1776, então
apenas as 13 colônias, os EUA não eram um país independente, estavam
pretendendo ser. Na prática o território ainda era britânico. Em resumo, eles
sempre foram os ofensores, os que jogavam as bombas nos outros.
Agora
a coisa foi inteiramente diferente.
Nova
Iorque é o coração real e emocional dos EUA, o país é muitíssimo mais poderoso
que em 1941 ou em 1776. Não foi uma nação predominantemente branca, como era a
Grã-Bretanha em 1776, ou um poder crescente e ameaçador, como o Japão de 1941.
Não são cristãos, não são de fundo greco-romano, são tão alienígenas quanto se
pode ser no mesmo planeta. E os árabes, grupo fundamentalista Al Qaeda, Osama
Bin Laden, foram lá dentro e feriram de morte a nação, com algo tão trivial
quanto aviões de carreira.
Quer
melhor que isso para inimigo?
Com
o fim da ameaça soviética, com a queda da URSS em 1991, a flecha azul ficou sem
a flecha vermelha que dava sustentação à quietude interna e externa. Como calar
os inimigos internos dos dois partidos, Republicano e Democrata? Como
atemorizar o inimigo externo, já que a ameaça de uma guerra termonuclear total
não pode mais ser posta, nem por Hollywood?
Sei
desde 1985, no que então chamei de Tramóia do Ien, que os EUA pensam com
o auxílio dos tecnocientistas e demais pesquisadores & desenvolvedores dos
vários ramos do Conhecimento, em especial os futurologistas em Economia, em
Sociologia, em Psicologia em geral, 15 ou 20 anos no futuro, e preparam agora
as surpresas que teremos em 2020.
Portanto,
se segue que eles estão construindo o inimigo externo e o inimigo interno, para
assombrar as populações americanas e mundiais. O complexo industrial-militar,
já largamente denunciado inclusive por presidente americano, não cala e não
deixa de trabalhar nas sombras.
Foi
divulgado que a CIA já sabia de um presumido atentado grande que estava sendo
planejado. Que um embaixador árabe foi aos EUA prevenir as autoridades de lá.
Como na Segunda Guerra, quando eles foram antecipadamente informados pelo Japão
e calaram, agora fizeram o mesmo, num teatral jogo de guerra, com o custo de
“somente” três mil indivíduos (e a dor de suas famílias, grupos, empresas,
etc.) e algumas dezenas de bilhões de dólares. Já sabiam há duas décadas que a
socioeconomia americana vinha declinando. Batra preveniu, apontando até a data
de eclosão. Vários desenharam os cenários (inclusive eu, aqui desconhecido, por
enquanto).
Haviam
treinado os terroristas afegãos na guerra contra a URSS. Forneceram-lhes armas
e dinheiro, precisamente através da CIA. Permitiram a entrada dos encarregados,
em aeroportos supervigiados. Enfim, nada me tira da cabeça que eles consentiram
nos atentados, se não os prepararam e financiaram, e que o povo de lá nunca
poderá ser convencido disso.
Não
foram os primeiros nem serão os últimos a construir o inimigo externo. Em português
chulo isso é chamado de “escolher o pato”, ou “escolher alguém para Cristo”.
Vitória,
quinta-feira, 03 de outubro de 2002.
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