terça-feira, 27 de dezembro de 2016


Confirmação Científica

 

                            Em seu livro, O Mundo Assombrado pelos Demônios (a ciência vista como uma vela no escuro), São Paulo, Cia. das Letras, 1996, Carl Sagan diz no artigo 1, A Coisa Mais Preciosa, p. 18:

                            “De certa maneira, ele era bem informado. Conhecia as várias nuanças especulativas sobre, digamos, os ‘continentes afundados’ de Atlântida e Lemúria. Sabia na ponta da língua as expedições submarinas que deviam estar partindo para descobrir as colunas derrubadas e os minaretes quebrados de uma outrora grande civilização, cujas ruínas só eram visitadas atualmente pelos peixes luminescentes do fundo do mar e por gigantescos monstros marinhos. Só que... embora o oceano contenha muitos segredos, eu sabia que não existe nem sinal de confirmação oceanográfica ou geofísica para Atlântida e Lemúria. Pelo que a ciência pode afirmar, esses continentes jamais existiram”.

                            Bom, se fôssemos depender do que a Ciência em geral podia CONFIRMAR no século XIX e mesmo no XX, muitas das coisas que usamos rotineiramente hoje não existiriam. Cientistas muito sérios e compenetrados afirmavam taxativamente que isto e aquilo jamais viria a existir e hoje usamos milhares de coisas “inexistíveis”. Que porção enorme do futuro os cientistas suprimiram! Aviões, clones, computadores, máquinas de calcular (até a década dos 1960 em toda pseudo-história de FC do futuro os cientistas e engenheiros ainda calculavam com réguas de cálculo).

                            Acaso nós dependemos mesmo de que os cientistas nos digam que é impossível existir isso e aquilo? As coisas só existem se eles confirmarem? E as porções inacreditavelmente vastas do passado que os cientistas também suprimiram?! Toda descoberta é de algo que os cientistas em algum ponto do passado disseram não ser possível existir.

                           Se Atlântida e Lemúria não existem é uma coisa. Agora, que elas não possam existir apenas porque os cientistas não foram capazes de descobri-las, que tipo de contraprova isso seria? Se um cientista de outro planeta que nunca tivesse visto o Japão afirmasse que as 3,4 mil ilhas não existem isso seria sustentação da verdade ou prova de ignorância dele? O que sabemos é que Atlântida e Lemúria PODEM OU NÃO existir. Não termos achado provas de sua existência e afirmarmos que elas nunca existiram é uma falácia, demarcação de território exclusivo, reserva de mercado racional – uma indignidade, enfim.

                            Os cientistas não se contentam em afirmar o positivo por suas belíssimas descobertas. Querem suprimir a consciência do povo, os direitos sagrados da liberdade de pensamento E DE EXPRESSÃO DO PENSAMENTO, que estão gravados nas constituições, tanto dos EUA quanto do Brasil e de tantos países. Os povos e as elites morreram por esses direitos sagrados. Como pôde Sagan, bom em tantas coisas, proceder assim, e como ele tantos? Os cientistas se tornaram supressores do pensamento alheio, opressores, repressores, ditadores da razão e da lucidez. Acreditam que só eles são lúcidos, inteligentes, brilhantes, claros, transparentes, agudos, perspicazes.

                            Não, de modo algum, os modos de conhecimento são quatro altos (Magia, Teologia, Filosofia e Ciência), quatro baixos (Arte, Religião, Ideologia e Técnica) e a Matemática. A Ciência é apenas uma parte em nove.

                            Nem Sagan nem ninguém tem direito de assim proceder.

                           Vitória, segunda-feira, 09 de setembro de 2002.

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