Confirmação Científica
Em
seu livro, O Mundo Assombrado pelos Demônios (a ciência vista como uma
vela no escuro), São Paulo, Cia. das Letras, 1996, Carl Sagan diz no artigo 1, A
Coisa Mais Preciosa, p. 18:
“De
certa maneira, ele era bem informado. Conhecia as várias nuanças especulativas
sobre, digamos, os ‘continentes afundados’ de Atlântida e Lemúria. Sabia na
ponta da língua as expedições submarinas que deviam estar partindo para
descobrir as colunas derrubadas e os minaretes quebrados de uma outrora grande
civilização, cujas ruínas só eram visitadas atualmente pelos peixes
luminescentes do fundo do mar e por gigantescos monstros marinhos. Só que...
embora o oceano contenha muitos segredos, eu sabia que não existe nem sinal de
confirmação oceanográfica ou geofísica para Atlântida e Lemúria. Pelo que a
ciência pode afirmar, esses continentes jamais existiram”.
Bom,
se fôssemos depender do que a Ciência em geral podia CONFIRMAR no século XIX e
mesmo no XX, muitas das coisas que usamos rotineiramente hoje não existiriam.
Cientistas muito sérios e compenetrados afirmavam taxativamente que isto e
aquilo jamais viria a existir e hoje usamos milhares de coisas “inexistíveis”. Que porção enorme do futuro os cientistas suprimiram!
Aviões, clones, computadores, máquinas de calcular (até a década dos 1960 em
toda pseudo-história de FC do futuro os cientistas e engenheiros ainda
calculavam com réguas de cálculo).
Acaso
nós dependemos mesmo de que os cientistas nos digam que é impossível existir
isso e aquilo? As coisas só existem se eles confirmarem? E as porções
inacreditavelmente vastas do passado que os cientistas também suprimiram?! Toda
descoberta é de algo que os cientistas em algum ponto do passado disseram não ser
possível existir.
Se
Atlântida e Lemúria não existem é uma coisa. Agora, que elas não possam existir
apenas porque os cientistas não foram capazes de descobri-las, que tipo de
contraprova isso seria? Se um cientista de outro planeta que nunca tivesse
visto o Japão afirmasse que as 3,4 mil ilhas não existem isso seria sustentação
da verdade ou prova de ignorância dele? O que sabemos é que Atlântida e Lemúria
PODEM OU NÃO existir. Não termos achado provas de sua existência e afirmarmos
que elas nunca existiram é uma falácia, demarcação de território exclusivo,
reserva de mercado racional – uma indignidade, enfim.
Os
cientistas não se contentam em afirmar o positivo por suas belíssimas
descobertas. Querem suprimir a consciência do povo, os direitos sagrados da
liberdade de pensamento E DE EXPRESSÃO DO PENSAMENTO, que estão gravados nas
constituições, tanto dos EUA quanto do Brasil e de tantos países. Os povos e as
elites morreram por esses direitos sagrados. Como pôde Sagan, bom em tantas
coisas, proceder assim, e como ele tantos? Os cientistas se tornaram
supressores do pensamento alheio, opressores, repressores, ditadores da razão e
da lucidez. Acreditam que só eles são lúcidos, inteligentes, brilhantes,
claros, transparentes, agudos, perspicazes.
Não,
de modo algum, os modos de conhecimento são quatro altos (Magia, Teologia,
Filosofia e Ciência), quatro baixos (Arte, Religião, Ideologia e Técnica) e a
Matemática. A Ciência é apenas uma parte em nove.
Nem
Sagan nem ninguém tem direito de assim proceder.
Vitória,
segunda-feira, 09 de setembro de 2002.
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