terça-feira, 27 de dezembro de 2016


Centro Linharense de Altíssima Tecnociência

 

                            Vejo que alguns têm dificuldade de assumir-se como existindo no mundo e tendo direito nele a uma porção significativa de futuro, o que vem naturalmente de complexos de inferioridade socioeconômica e, mais largamente, psicológica. Tudo tem um ciclo, um círculo de existência, de modo que podemos esperar, pela dialética ocidental, pelo TAO oriental e pelo modelo, que as coisas acabem por ser diferentes e opostas/complementares.

                            Assim sendo, haverá um momento em que se tornará o contrário. Se estudássemos a fundo os ciclos poderíamos até, talvez, com uma margem de segurança, prever quando, potencialmente, se daria esse contrário, a menos da falta de inclusão de certos dados relevantes que tivéssemos deixado passar ou de considerar, por desconhecimento ou por negação deles em nosso quadro prateórico de aceitação.

                            Bom, interessa que agoraqui a coisa não se deu ainda.

                            Neste particular, a questão de poder vir a existir um (presumível) centro linharense de alta tecnociência, a saber, alta técnica e alta ciência, compreendendo a matemática apurada conexa.

                            Linhares, a 130 km de Vitória, tem tudo para comportar um lugar assim. É uma planície, a terra é firme, não palustre; sopram ventos moderados e refrescantes, e fora do alto verão não é extremamente quente. Há energia abundante (hidrelétrica, de gás, de petróleo, de cana de açúcar, de biomassa em geral), boas redes de comunicações (falta uma estrada de ferro, que pode ser estendida desde João Neiva, a apenas 50 km de distância), excelentes redes de telecomunicações, um cabo de fibra ótica passa rente à rodovia, BR 101, uma das principais do Brasil. Há uma capitalização de base, ainda que modesta. Os capixabas dominam com certo atraso a tecnociência da computação, etc.

                            Então, por quê não?

                            Acontece que os governempresas e os governantes e empresários são frouxos, pusilânimes, inermes, parados, incompetentes, sem visão de futuro.

                            Como é que o Vale do Silício, na Califórnia, tornou-se um lugar tão proeminente nos EUA e no mundo? Para além da maior competência americana há a decisão de fazer, de começar algo, de acreditar em si, a vontade de prosperar, o apoio ou amparo governempresarial, e assim por diante.

                            O mesmo não poderia se dar no ES? É tão difícil assim? Claro que poderia se dar, mas em primeiríssimo lugar as pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e os ambientes (município/cidade de Linhares, estado do ES, nação brasileira e mundo exterior) precisariam acreditar que é necessário, antes de pensar se é factível, se dá para fazer.

                            E é justamente essa VONTADE DE FAZER que está faltando.

Por trás dela a visão políticadministrativa governempresarial pessoambiental de que devemos caminhar para isso. Essa vontade pode ser instilada, mas não a contragosto, se as criaturas do lugar, Linhares antes de tudo e depois o ES, não quiserem.

                            Vitória, quarta-feira, 11 de setembro de 2002.

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