Diz Gabriel
Diz Gabriel, meu
filho de 16 anos, agora estudando o 3º ano do 2º grau, pré-vestibular, que as
pessoas bonitas ou que cuidam muito de si ou que têm os sentidos muito
desenvolvidos não se voltam para o uso da inteligência, o que faz muito sentido,
é lógico.
Se a gente pensar
bem o que ele diz os sentidos muito aguçados, por exemplo, exigem que a pessoa
se oriente para o paladar ou gosto, o olfato, a visão, a audição e o tato. A
superexigência desses sentidos obstrui o uso da inteligência, que todos têm. A
opção de vida de tais indivíduos orienta-os para um sobreuso das memórias, que
ele chama de BASE DE MEMÓRIA, ou seja, o substrato que temos para a paginação
de nossas existências.
Por outro lado,
vejamos as pessoas que cuidam muito de si mesmas, que se sobrevalorizam, que
excedem a média de tempo gasta com os cuidados do corpo: empregando tanto tempo
em observações contínuas das roupas, dos calçados, das pinturas, dos penteados,
de tudo, quanto haveria de sobrar para pensar com afinco e detalhadamente?
E quanto às mulheres
bonitas e aos homens bem-apessoados? Estas e estes devem cuidar sempre,
cotidianamente, de seus corpos. Segundo Van Damme o corpo é o seu templo, e é
certo pensar que ele reza no altar de si todos os dias, indo ao fisiculturismo.
Quanto tempo sobraria para meditação? Contando por dia (não no caso dele, que é
ator e trabalha três ou quatro meses por ano) oito horas de trabalho, duas para
viagens, duas para alimentação e higiene, mais as conversas com os amigos, o
sexo, quanto sobra num ano inteiro? E já sendo bonitas as mulheres encontram
fácil colocação na vida, como agregadas de algo ou de alguém. Não devem cavar
sua existência.
Portanto, e aqui sou
eu dizendo, se segue que essas pessoas não se voltam para a aplicação de suas
inteligências. O amor de si não permite que elas saiam ao mundo e resolvam
amplos problemas, só aqueles diminutos ligados ao EU ou EGO. Nos termos dele,
não ampliam suas bases de memória, de onde a inteligência nada pode sacar.
Ora, como Filosofia
vem do grego e quer dizer FILOS = GOSTAR e SOFOS = SABER ou pensar, gostar de
saber, filósofo é quem gosta de pensar. Como Gabriel gosta de pensar, creio que
posso dizer que mesmo nessa tenra idade ele é um filósofo.
Pois, diz Gabriel,
generalizando, que as pessoas belas ou que têm os sentidos aguçados ou que se
valorizam demais não vêem o mundo, só vêem a si mesmas. No fundo suas bases de
memória para maior aptidão ou habilidade nunca crescem o suficiente, e por
isso, digo eu, elas não se constituem em grandes valores para a humanidade.
São, por assim dizer, um atraso de vida, e devem ser arrastadas (mas têm um
valor de sobrevivência, é lógico) o tempo todo.
Com isso Gabriel
descobriu um teste prático de QI, Quociente de Inteligência manifestada (não a
que existe, mas a que é apresentada ao mundo pelos egoístas – e de passagem
podemos saber quem são os egoístas que não ficarão na geo-história), a QI (m),
para distinguir da QIM que já postulei. Quando se tratar de contratação de
pessoas para uso de inteligência, basta observar os hábitos; é melhor pegar os
desleixados, os não-belos, os de sentidos atrofiados.
Embora, é claro,
existam as belas e os bem-apessoados que desistem de sua beleza por amor ao
próximo.
Vitória,
terça-feira, 03 de setembro de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário