O Segundo Faz Sentido
A intelectualidade segregadora
faz cara feia, torce o nariz, julga com o semblante, faz muxoxo de quem comeu e
não gostou, vira as costas para as músicas de duplo sentido. Já eu tenho prazer
de ouvir:
1) O esforço notável dos
compositores de encontrar nessa maravilhosa língua portuguesa as fusões
consonantais, apócopes, rotacismos (R no lugar de L), lambdacismos (L no lugar
de R), metaplasmos e outras felicidades;
2) Encontrar na
cultura-civilização brasileira (mais que somente portuguesa de origem) emoções
que movimentem o coletivo e lhes leve felicidade de decifração de subterrâneos;
3) Inserir-se no grupo
que aceita tais sentidos clandestinos que fazem rir, fazem gargalhar.
VAI RENOVAR TEU SEGURO (canta a música de
Chico na voz do MPB4: vai renovar a nação, o país, a pátria, aceitando-a como
é)
10/3/2014
Cheios de malícia! Veja uma lista com
músicas recheadas de duplo sentido
Com a
febre "Lepo, Lepo", o R7 listou canções que parecem inocente, mas
são bem safadinhas.
Cheios de
malícia, os artistas sabem bem como chamar a atenção do público. Seja uma
palavra que quando falada rapidinho parece outra – Fugidinha de
Michel Teló que vira uma expressão bem quente, por exemplo – ou uma gíria que
é colocada em uma ação inocente, como Teodoro & Sampaio em Só Dou Carona pra Quem Deu pra Mim.
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UAI, Esquina Musical.
Sucessos das músicas de duplo sentido no Brasil.
É de um
intelectual a constatação de que o amplo entendimento do duplo sentido no
Brasil remonta ao período da escravidão. Em outros países essa cultura não
seria tão difundida.
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Certamente há centenas e são muito
engraçadas, umas completamente agressivas e repulsivas (em geral do funk), mas
no mais (Genival Lacerda, Clemilda, Carmem Miranda, Zenilton, Moreira da Silva)
totalmente aceitáveis, deveriam fazer livro completo. Atingir um terceiro nível
é mais difícil, um quarto então nem se fala.
A
nacionalidade é composta de muitos níveis.
Assim como o “politicamente correto” é
incorreto como princípio doutrinário de supressão da liberdade alheia (a deselegância
é outra coisa), o patrulhamento odara do falso belo e do falso bem é impróprio.
Procurar para castigar é errado, embora as letras chulas e violentas,
heterossexuais ou homossexuais explícitas, devam ser obstaculizadas pela expressa
vontade popular.
Vitória, sábado, 4 de março de 2017.
GAVA.
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