Grande!
Em seu livro As 100 Maiores Personalidades da
História, 5ª. Edição, Rio de Janeiro, Difel, 2002, Michael H. Hart não
fala de Gandhi, colocando-o entre as exceções honrosas.
Mohandas K Gandhi,
hindu, viveu de 1869 a 1948, 79 anos entre datas, e participou do processo de
libertação da Índia, que se deu um ano antes do seu assassinato por um
fanático. Ligando-o apenas à independência a Besta Hart diminui seu valor.
Em primeiro lugar é
preciso fazer biografias (já é errado listar por ordem de importância, mas se
for feito que se siga o modelo:) observando os sete níveis (iluminados,
santos/sábios, estadistas, pesquisadores, profissionais, lideranças e povo),
colocando acima de todos os iluminados, que devem ser uns 13, digamos,
seguindo-se os santos e sábios, entre os quais estaria Newton, que ele coloca
em 2º, logo atrás de Maomé em 1º, ficando absurdamente Jesus em 3º.
Depois, é preciso
pensar.
Gandhi viveu num
país que tem agora mais de um bilhão de habitantes e tinha então uns 300
milhões, estando unido ainda ao Paquistão (que depois se separou em dois,
Paquistão e Bangladesh). É uma área antiga e conflituosa, com muçulmanos,
hinduístas, budistas, jainistas, mais uns poucos cristãos, entre as separações
religiosas, e povos aguerridos, com muitas línguas.
Jorge Luis Borges e
Alicia Jurado retratam em seu livro Buda,
3ª edição, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1987 (original argentino de 1977,
“Que és el Budismo? ”, p. 45: “Citemos, a título de curiosidade a hipótese
dietética de Voltaire. Segundo ele, os brâmanes julgaram que um regime
carnívoro pode ser perigoso na Índia, e, para que as pessoas se abstivessem de
comer carne, inventaram que as almas humanas costumam alojar-se em corpos de
animais”, mas acrescenta: “Outra conjetura é que a vaca tem maior rendimento
como produtora de leite do que como animal de carne”.
Supôs Voltaire que
os brâmanes proibiram os hindus de comer carne para que estes não se tornassem
violentos. Talvez seja verdade, talvez não. Deve ser parcialmente verdadeiro, mas
de vez em quando grassam epidêmicas revoltas na Índia, com massacres de
milhares. Por quê elas acontecem? Ou porque os brâmanes ordenam ou porque as
toleram.
Ora, Gandhi era um
brâmane, uma autoridade, e não fosse ele adepto da política da não-violência
(ahimsa), poderia ter orientado os hindus para o massacre dos ingleses, que
teriam revidado com seus canhões, armas muito mais poderosas. A Índia não é um
país qualquer, lá estão os arianos, dos quais também somos descendentes. Eles
são competentes, quando querem, sabem fazer as coisas, tanto assim que tem
bombas atômicas, foguetes, toda a tecnociência de ponta, especialmente
informática, no qual são um dos países líderes.
Certamente a Índia
teria entrado em guerra contra a Inglaterra, o que duraria décadas.
Veja-se, então, a
importância de Gandhi orientar o fim do ódio, como Jesus fez antes, o que no
futuro certamente gerará uma civilização diferente na Índia, após a tradução
dos séculos. E veja também o pequeno alcance de Hart, que não consegue acessar
as grandezas.
Não é à toa que o
chamo de Besta Hart.
Vitória,
quarta-feira, 16 de julho de 2003.
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