sexta-feira, 3 de março de 2017


Grande!

 

                            Em seu livro As 100 Maiores Personalidades da História, 5ª. Edição, Rio de Janeiro, Difel, 2002, Michael H. Hart não fala de Gandhi, colocando-o entre as exceções honrosas.

                            Mohandas K Gandhi, hindu, viveu de 1869 a 1948, 79 anos entre datas, e participou do processo de libertação da Índia, que se deu um ano antes do seu assassinato por um fanático. Ligando-o apenas à independência a Besta Hart diminui seu valor.

                            Em primeiro lugar é preciso fazer biografias (já é errado listar por ordem de importância, mas se for feito que se siga o modelo:) observando os sete níveis (iluminados, santos/sábios, estadistas, pesquisadores, profissionais, lideranças e povo), colocando acima de todos os iluminados, que devem ser uns 13, digamos, seguindo-se os santos e sábios, entre os quais estaria Newton, que ele coloca em 2º, logo atrás de Maomé em 1º, ficando absurdamente Jesus em 3º.

                            Depois, é preciso pensar.

                            Gandhi viveu num país que tem agora mais de um bilhão de habitantes e tinha então uns 300 milhões, estando unido ainda ao Paquistão (que depois se separou em dois, Paquistão e Bangladesh). É uma área antiga e conflituosa, com muçulmanos, hinduístas, budistas, jainistas, mais uns poucos cristãos, entre as separações religiosas, e povos aguerridos, com muitas línguas.

                            Jorge Luis Borges e Alicia Jurado retratam em seu livro Buda, 3ª edição, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1987 (original argentino de 1977, “Que és el Budismo? ”, p. 45: “Citemos, a título de curiosidade a hipótese dietética de Voltaire. Segundo ele, os brâmanes julgaram que um regime carnívoro pode ser perigoso na Índia, e, para que as pessoas se abstivessem de comer carne, inventaram que as almas humanas costumam alojar-se em corpos de animais”, mas acrescenta: “Outra conjetura é que a vaca tem maior rendimento como produtora de leite do que como animal de carne”.

                            Supôs Voltaire que os brâmanes proibiram os hindus de comer carne para que estes não se tornassem violentos. Talvez seja verdade, talvez não. Deve ser parcialmente verdadeiro, mas de vez em quando grassam epidêmicas revoltas na Índia, com massacres de milhares. Por quê elas acontecem? Ou porque os brâmanes ordenam ou porque as toleram.

                            Ora, Gandhi era um brâmane, uma autoridade, e não fosse ele adepto da política da não-violência (ahimsa), poderia ter orientado os hindus para o massacre dos ingleses, que teriam revidado com seus canhões, armas muito mais poderosas. A Índia não é um país qualquer, lá estão os arianos, dos quais também somos descendentes. Eles são competentes, quando querem, sabem fazer as coisas, tanto assim que tem bombas atômicas, foguetes, toda a tecnociência de ponta, especialmente informática, no qual são um dos países líderes.

                            Certamente a Índia teria entrado em guerra contra a Inglaterra, o que duraria décadas.

                            Veja-se, então, a importância de Gandhi orientar o fim do ódio, como Jesus fez antes, o que no futuro certamente gerará uma civilização diferente na Índia, após a tradução dos séculos. E veja também o pequeno alcance de Hart, que não consegue acessar as grandezas.

                            Não é à toa que o chamo de Besta Hart.

                            Vitória, quarta-feira, 16 de julho de 2003.

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