sexta-feira, 3 de março de 2017


Laranja Brasileira

 

                            Estava reassistindo parte do violentíssimo filme de Stanley Kubrick, Inglaterra, 1971, Laranja Mecânica, nome em português de A Clockwork Oranje), onde logo no começo um grupo de rapazes sai pela cidade espancando velhos e outras gangues, e me lembrei do que os rapazes fizeram em Brasília com o índio, batendo nele e tocando fogo com gasolina, coisa terrível até de se pensar.

                            Não é apenas o caso de raciocinarmos sobre o que os meliantezinhos da pequena e da grande burguesia estão fazendo com a sobra de tempo que os pais e as mães lhes proporcionam, como principalmente sobre a educação que estamos nos dando, em nossas mentes terríveis, Deus nos salve.

                            Da Academia espero um levantamento qualificado e comparado internacionalmente de todas essas coisas que ultrapassam o mínimo de ensinamentos de Cristo e nos reconduzem à mais brutal animalidade (ou humanidade), denúncia dos erros que estamos cometendo, tanto por inação quanto com exemplos manifestos.

                            Quais os extremos a que chegamos? Como podemos lidar com eles? No que nossa sociedade/civilização/cultura errou tanto assim a ponto de admitir e até incentivar nas entrelinhas essas monstruosidades? Como é que a bela mensagem de Cristo desandou nessas perversidades? Como o Brasil, que tantas dádivas naturais recebeu, que foi deitado em berço esplêndido, pôde mergulhar na iniqüidade? É assustador.

                            Em vez de esconder nossas cabeças na areia, devemos enfrentar os danos de nossa monstruosidade, expondo todas as feridas ao pedido de cura e dignidade, Deus salve nossas almas.

                            Vitória, quinta-feira, 26 de junho de 2003.

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