domingo, 5 de março de 2017


Filtros Evolucionários

 

                            No livro dos organizadores Duncan & Weston Smith, A Enciclopédia da Ignorância, Brasília, UnB, 1981, artigo de E. W. F. Tomlin, C.B.E, Falácias da Teoria Evolucionária, página 263 e seguintes, particularmente na página 264, há esta passagem: “A estranheza dessa teoria é parcialmente ocultada por sua forma de apresentação. A ordem e coerência dos organismos são tão óbvias que exigem uma explicação ao mesmo tempo ordenada e coerente; esse requisito é supostamente preenchido pela afirmação de que, na luta pela sobrevivência as mutações desfavoráveis são eliminadas com todo o rigor. Tal conceituação, como veremos, depende de certas premissas cuidadosamente ocultadas. E se ela é formada para explicar o desenvolvimento das espécies, ou a filogênese, de também aplicar-se ao desenvolvimento dos indivíduos que compõe a espécie, ou seja, a ontogênese. É impossível presumir que haja duas formas distintas de morfogênese, uma para a espécie e outra para o indivíduo. A evolução é um processo único e unificado – e aí supostamente reside a sua excepcionalidade”, negritos e itálicos meus.

                            Devemos organizar nossos pensamentos.

                            Há que ver DUAS EVOLUÇÕES ou dois FILTROS EVOLUCIONÁRIOS, a saber, a EVOLUÇÃO FORMAL ou superficial ou das imagens e a EVOLUÇÃO ESTRUTURAL ou dos conceitos ou dos conteúdos. Pela EF veremos as formas dos seres mudando para se tornarem as que vemos agora, por exemplo, as dos gatos, ao passo que pela EE veremos as leis do Conhecimento (leis da Magia/Arte, leis da Teologia/Religião, leis da Filosofia/Ideologia, leis da Ciência/Técnica e a Matemática, que é a própria lei central) se ajustando. As duas evoluções são uma e a mesma, evidentemente, porque as leis que sustentam internamente as construções são sobrepostas pelas formas, assim como a estrutura do aparelho de telefone possui numerosas formas sobrepostas: desde que as leis ou estruturas tenham sido obedecidas os desenhistas podem justapor qualquer imagem como exterior do aparelho. Ambas as evoluções MUTAM diferencialmente, separadas e ao mesmo tempo juntas.

                            Por outro lado, é fácil pensar que a ontogênese e a filogênese também agem juntas e separadas, se adotarmos as noções de cártulas ou cartuchos, de hólons ou partodos ou todopartes (de Koestler, do grego: holo, todo, on, parte, dando nas palavras que coloquei em português) e de transientes. Veja cada indivíduo como vetor evolutivo em sua cártula individual. Uma PESSOA (indivíduo, família, grupo ou empresa) em seu AMBIENTE (município/cidade, estado, nação e mundo) psicológico evolui individualmente, nele podendo se manifestar uma MUTAÇÃO PSICOLÓGICA, tipo assim uma idéia ou rumo diverso. Mas, o indivíduo é parte da família. Ele é todo para seus órgãos e parte para a família, é um hólon ou partodo ou todoparte – abre-se para cima e para baixo, compondo-se entes cada vez mais complexos. O indivíduo é vetor da EVOLUÇÃO ONTOGENÉTICA do Ser (conjunto), enquanto ser individual. Por outro lado, a família é sua espécie, e ela também é vetor, neste caso do grupo; para o indivíduo a família é sua EVOLUÇÃO FILOGENÉTICA, pois ela também evolui psicologicamente. O indivíduo deve processar sua adequação ao ambiente individual e a família, enquanto ponto, ao seu próprio ambiente familiar dentro dos grupos. Entrementes, os indivíduos devem se adequar à evolução familiar, pois ela também está saltando.

                            Assim sendo, os indivíduos devem processar a sua própria e mais SETE ADEQUAÇÕES psicológicas: adequação à família, adequação ao grupo, adequação à empresa, adequação ao município/cidade, adequação ao estado, adequação à nação, adequação ao mundo. TUDO ESTÁ MUDANDO CONCOMITANTEMENTE. Essa é a questão dos transientes, os que transitam, que passam de um nível ou patamar a outro.

                            Ora, nunca pensamos na EVOLUÇÃO EMPRESARIAL, digamos, e, no entanto, ela existe e opera. As empresas de hoje não são as mesmas de 30 anos atrás, nem de longe. Do mesmo modo ocorre no nível biológico/p.2, onde famílias, espécies, gêneros estão em evolução, tanto os pontos quanto os conjuntos de pontos. Os filtros evolutivos estabelecem então o que chamei de VÁLVULAS K (em homenagem a Koestler), não permitindo a desconstrução formestrutural das cártulas, quaisquer conjuntos. Uma vez iniciadas as evoluções ontogenéticas individuais e filogenéticas grupais, elas não regridem, e operam ao mesmo tempo nos vários patamares.

                            Vitória, quinta-feira, 31 de julho de 2003.

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