Exagero da Forma
Como já disse lá nos
textos em que comentei a camuflagem, ela tem valor de sobrevivência, isto é, dá
sobrevida a quem usa o artifício. A Natureza se espalha em (2,5 + 47,5 + 47,5 +
2,5) %, segundo o modelo, de modo que metade usará o artifício e metade não. Um
lado necessita do outro, a forma vivendo da estrutura, parasitando-a – dizendo
de outra maneira, as belas usam os feios como suporte de vida, os sem beleza
usam as bonitas como amparo do gozo.
Evidentemente, se a
formestrutura segue vivendo em acordo coerente há 2,5 % de cada lado que é
exagero, sobreafirmação, doença do infocontrole, agoraqui a humanidade. Há o
formalismo, excesso de forma, e há o estruturalismo ou conceitualismo ou
concepcionalismo ou idealismo, superafirmação da estrutura, do conceito, da
concepção, da idéia.
Do lado do
formalismo, do excesso de forma ou superfície ou imagem, há os que como os
travestis (agora chamados no exagero do exagero de DRAG QUEENS) - e todos os
que superimpõe-na como “forçamento de barra”, como diz o povo, o que por vezes
é constrangedor, para além da liberdade própria - precisam dessa insistente
presença na tela de apresentação, essa angústia de sobremostrar-se. Muitos
gestos, muitos brilhos, muitos sons, muitos abraços, muitas adulações, muito de
tudo, demasiado de tudo.
Esse é mais um dos
fenômenos que não foram estudados pela Academia. Por quê alguns são
compulsivamente superformalistas? De onde vem a necessidade de hiperformalizar?
Por quê esses acham que a superpresença da forma garantirá sobrevivência? É
claro que garante, pois, os gestos continuam exagerados, superlativos, mas não
para toda a metade, pois de outro modo metade faria, e não faz, são poucos. Mas
do lado daqueles 2,5 % os outros 47,5 % sustentam. As populações não foram
entrevistadas e não foram triadas as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e
empresas) hiperformais. Qual o papel que cumpre nas fitas de heranças
psicológicas a superafirmação formal? Por quê a Natureza psicológica/p.3
precisa dela? Os programas racionais não vêm à tona a troco de nada, há sempre
uma razão. As perguntas que vinham sendo feitas são tolas, infantis, pouco
profundas.
Vitória,
segunda-feira, 30 de junho de 2003.
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