Duração das
Civilizações
No livro de Isaac
Asimov, Civilizações Extraterrestres,
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980 (sobre original americano de 1979), na
página 216, ele diz: Quanto mais breve a duração média das civilizações, menos
provavelmente descobriríamos um mundo onde a civilização teria se desenvolvido
e ainda não teria desaparecido. Haveria um número bem menor de civilizações
existindo agora – ou num dado momento qualquer da história do Universo. Talvez,
então, as civilizações sejam muito limitadas no tempo. A razão de ainda não
terem entrado em contato conosco seria a sua pouca duração. Elas não se
conservariam por um tempo suficientemente longo para serem detectadas”.
Vejamos o que o
modelo diz.
AS NATUREZAS
NATUREZA
|
CIÊNCIA-TIPO
|
ATÉ
ONDE VAI
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N.0
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Física
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Até o primeiro ser vivo
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N.1
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Biologia
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Até o primeiro racional
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N.2
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Psicologia
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Até o primeiro ser-novo
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N.3
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Informática
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Até a hipermente
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N.4
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Cosmologia
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Até o infinito
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N.5
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Dialógica
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Até a armação e disparo da bomba
dialógica (big bang)
|
A Psicologia é duplo cone que vai se
estreitando em tempo e vai exponencializando espacialmente, vai se dilatando
espacialmente e em poder. A seqüência já é conhecida: Escravismo, Feudalismo,
Capitalismo (com quatro ondas, a última das quais é a primeira do modo político
seguinte), Socialismo, Comunismo e Anarquismo. Como estamos na terceira onda do
Capitalismo, estamos prestes a passar à primeira do Socialismo. Estamos mais
perto do fim da Psicologia (figuras ou psicologias humanas, objetivos ou
psico-sínteses humanas, produções ou economias humanas, organizações ou
sociologias humanas, espaçotempos ou geo-histórias humanas), começo da Era
Informacional (que não é a desta informática que vemos, ainda física/química).
Embora a humanidade tenda a acabar, não acabará a razão. Virão os novos-seres
informacionais/cibernéticos, com corpos cibernéticos e mentes informacionais.
A humanidade restante será como um
resto de construção, como os organismos biológicos são os restos de construção
dos seres humanos. Ainda estão aí, mas não estão do mesmo modo, neles ficaram
impregnadas as transformações introduzidas por nós.
Sendo assim, em toda parte há ainda
restos de construção alienígenas (que mesmo chegando atrasados, depois de
desaparecidas suas civilizações, detectaríamos, não apenas arqueologia
físico/química, mas também biológica/p.2 e psicológica/p.3, a xenopsicologia),
sem falar que os novos-seres podem ser, por comparações conosco, muito
longevos, de vidas longas, assim como vivemos muito mais que a maioria dos animais.
Podem, especialmente as máquinas (computadores e robôs, e seus mestiços com os
de carbono) viver séculos e milênios, e suas civilizações centenas de milhares
ou mesmo milhões de anos.
A humanidade evoluiu muito rápido,
enquanto civilização, embora para trás o ritmo tenha sido lento, desde milhões
de anos a partir do surgimento dos humanóides até 200 mil anos atrás com o
aparecimento da EVA MITOCONDRIAL e do ADÃO Y na África, em tempos e espaços
próximos, misturando-se suas manchas genéticas no que somos hoje, prosperando
como sapiens desde 50 mil anos atrás e como civilização desde 10 mil anos
passados. Muito rápido. Mais uns mil anos e teremos chegado ao fim da
civilização humana.
Entrementes, contando como tempo dos
novos-seres (no que Asimov, apesar de ficcionista, não pensou – seus seres do
futuro, dez mil anos depois, ainda são humanos como nós), isso pode demorar
ainda muito por aqui. DESSE MODO, se olharmos como o após-o-humano, o
super-humano, veremos que não serão apenas algumas centenas de anos, mas
milhares e milhões. Numa faixa mais larga assim, mesmo sem velocidades
super-luminais as estrelas podem se comunicar. E sendo 400 bilhões só em nossa
Galáxia, pelo modelo (2,5 + 47,5 + 47,5 + 2,5) %, podemos ter 1/40 = 10 bilhões
com planetas viáveis estendendo uma rede robótica de longa vida. Se robôs
racionais puderem migrar entre as estrelas, poderão ser enviados a velocidades
de 1/10 ou até metade da velocidade da luz, sem sofrer problemas com as
pressões G de aceleração e desaceleração, alcançando as estrelas mais próximas,
colocadas a apenas 4,5 anos-luz não em 100 mil anos, a velocidades suportáveis
pelos humanos, mas em apenas 45 anos ou menos. Poderiam fertilizar mil anos-luz
em poucas centenas de anos. Assim, o universo todo, particularmente a Galáxia,
não seria visto mais como um vazio de racionalidade, nem muito menos de vida,
com ilhas constelares ou até mais que isso sendo ocupadas progressivamente, à
espera das velocidades super-luminais. Pelo contrário, estaria amplamente
povoado de racionalidade. Uma rede super-racional seria estendida, não mais de
carbono apenas, mas de seres-novos de variados tipos.
A hipótese de Asimov, como a de tantos
outros, é pessimista, é de uma época de desilusão, como houve antes uma época
de ilusão. Não devemos caminhar nem à esquerda nem à direita, mas pelo centro.
Estando ou não estando, continuemos a caminhar. Estatisticamente, pela Curva do
Sino ou de Gauss ou das Distribuições Normais, devem existir tantos porcento,
inquestionavelmente.
Iremos encontrá-las quando for a hora.
Ou elas já nos encontraram no passado, como eu disse no Vaso de Warka, nas
posteridades. Pouco importa, o que interessa é seguir em frente. Como os
indivíduos, as civilizações também se autocentram, pensam demais em si mesmas,
dão-se demasiado valor. Sigamos, e se caminharmos bastante haveremos de
encontrar alguém.
Vitória, segunda-feira, 28 de julho de
2003.
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