domingo, 5 de março de 2017


Duração das Civilizações

 

                            No livro de Isaac Asimov, Civilizações Extraterrestres, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980 (sobre original americano de 1979), na página 216, ele diz: Quanto mais breve a duração média das civilizações, menos provavelmente descobriríamos um mundo onde a civilização teria se desenvolvido e ainda não teria desaparecido. Haveria um número bem menor de civilizações existindo agora – ou num dado momento qualquer da história do Universo. Talvez, então, as civilizações sejam muito limitadas no tempo. A razão de ainda não terem entrado em contato conosco seria a sua pouca duração. Elas não se conservariam por um tempo suficientemente longo para serem detectadas”.

                            Vejamos o que o modelo diz.

                            AS NATUREZAS

NATUREZA
CIÊNCIA-TIPO
ATÉ ONDE VAI
N.0
Física
Até o primeiro ser vivo
N.1
Biologia
Até o primeiro racional
N.2
Psicologia
Até o primeiro ser-novo
N.3
Informática
Até a hipermente
N.4
Cosmologia
Até o infinito
N.5
Dialógica
Até a armação e disparo da bomba dialógica (big bang)

A Psicologia é duplo cone que vai se estreitando em tempo e vai exponencializando espacialmente, vai se dilatando espacialmente e em poder. A seqüência já é conhecida: Escravismo, Feudalismo, Capitalismo (com quatro ondas, a última das quais é a primeira do modo político seguinte), Socialismo, Comunismo e Anarquismo. Como estamos na terceira onda do Capitalismo, estamos prestes a passar à primeira do Socialismo. Estamos mais perto do fim da Psicologia (figuras ou psicologias humanas, objetivos ou psico-sínteses humanas, produções ou economias humanas, organizações ou sociologias humanas, espaçotempos ou geo-histórias humanas), começo da Era Informacional (que não é a desta informática que vemos, ainda física/química). Embora a humanidade tenda a acabar, não acabará a razão. Virão os novos-seres informacionais/cibernéticos, com corpos cibernéticos e mentes informacionais.

A humanidade restante será como um resto de construção, como os organismos biológicos são os restos de construção dos seres humanos. Ainda estão aí, mas não estão do mesmo modo, neles ficaram impregnadas as transformações introduzidas por nós.

Sendo assim, em toda parte há ainda restos de construção alienígenas (que mesmo chegando atrasados, depois de desaparecidas suas civilizações, detectaríamos, não apenas arqueologia físico/química, mas também biológica/p.2 e psicológica/p.3, a xenopsicologia), sem falar que os novos-seres podem ser, por comparações conosco, muito longevos, de vidas longas, assim como vivemos muito mais que a maioria dos animais. Podem, especialmente as máquinas (computadores e robôs, e seus mestiços com os de carbono) viver séculos e milênios, e suas civilizações centenas de milhares ou mesmo milhões de anos.

A humanidade evoluiu muito rápido, enquanto civilização, embora para trás o ritmo tenha sido lento, desde milhões de anos a partir do surgimento dos humanóides até 200 mil anos atrás com o aparecimento da EVA MITOCONDRIAL e do ADÃO Y na África, em tempos e espaços próximos, misturando-se suas manchas genéticas no que somos hoje, prosperando como sapiens desde 50 mil anos atrás e como civilização desde 10 mil anos passados. Muito rápido. Mais uns mil anos e teremos chegado ao fim da civilização humana.

Entrementes, contando como tempo dos novos-seres (no que Asimov, apesar de ficcionista, não pensou – seus seres do futuro, dez mil anos depois, ainda são humanos como nós), isso pode demorar ainda muito por aqui. DESSE MODO, se olharmos como o após-o-humano, o super-humano, veremos que não serão apenas algumas centenas de anos, mas milhares e milhões. Numa faixa mais larga assim, mesmo sem velocidades super-luminais as estrelas podem se comunicar. E sendo 400 bilhões só em nossa Galáxia, pelo modelo (2,5 + 47,5 + 47,5 + 2,5) %, podemos ter 1/40 = 10 bilhões com planetas viáveis estendendo uma rede robótica de longa vida. Se robôs racionais puderem migrar entre as estrelas, poderão ser enviados a velocidades de 1/10 ou até metade da velocidade da luz, sem sofrer problemas com as pressões G de aceleração e desaceleração, alcançando as estrelas mais próximas, colocadas a apenas 4,5 anos-luz não em 100 mil anos, a velocidades suportáveis pelos humanos, mas em apenas 45 anos ou menos. Poderiam fertilizar mil anos-luz em poucas centenas de anos. Assim, o universo todo, particularmente a Galáxia, não seria visto mais como um vazio de racionalidade, nem muito menos de vida, com ilhas constelares ou até mais que isso sendo ocupadas progressivamente, à espera das velocidades super-luminais. Pelo contrário, estaria amplamente povoado de racionalidade. Uma rede super-racional seria estendida, não mais de carbono apenas, mas de seres-novos de variados tipos.

A hipótese de Asimov, como a de tantos outros, é pessimista, é de uma época de desilusão, como houve antes uma época de ilusão. Não devemos caminhar nem à esquerda nem à direita, mas pelo centro. Estando ou não estando, continuemos a caminhar. Estatisticamente, pela Curva do Sino ou de Gauss ou das Distribuições Normais, devem existir tantos porcento, inquestionavelmente.

Iremos encontrá-las quando for a hora. Ou elas já nos encontraram no passado, como eu disse no Vaso de Warka, nas posteridades. Pouco importa, o que interessa é seguir em frente. Como os indivíduos, as civilizações também se autocentram, pensam demais em si mesmas, dão-se demasiado valor. Sigamos, e se caminharmos bastante haveremos de encontrar alguém.

Vitória, segunda-feira, 28 de julho de 2003.

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