quarta-feira, 1 de março de 2017


Chatices das Elites

 

                            No Brasil lançaram desde uns 10 anos atrás para cá inúmeras revistas falando das elites, por exemplo, Caras, Gente (da Istoé) e outras que mostram as casas, as roupas, as férias, toda a vida dos famosos. São revistas de fotografias, como era a Manchete há 50, 40, 30 anos. Quase não há palavras, são revistas para os povos, desde as elites do TER.

                            Quantos seriam os modos de ver as elites?

                            PELA CHAVE DO TER:

·        Ricos

·        Médios-altos

DA CHAVE DO LABOR:

·        Elites operárias

·        Elites intelectuais

·        Elites financistas

·        Elites militares

·        Elites burocráticas

DA CHAVE DAS TAREFAS:

·        Elites agropecuárias/extrativistas

·        Elites industriais

·        Elites comerciais

·        Elites dos serviços

·        Elites bancárias

DO CONHECIMENTO:

·        Elites mágicas/artísticas

·        Elites teológicas/religiosas

·        Elites filosóficas/ideológicas (dos partidos)

·        Elites científicas/técnicas

·        Elites matemáticas.

E mais quantas houvessem, como descritas no modelo, na relação do povelite ou não, as elites sendo mostradas aos povos.

Esquadrinham tudo e é de uma chatice pavorosa. Do café da manhã ao almoço, do chá da tarde ao jantar, o sair de noite, a madrugada. O ar que respiram, a água que bebem (mais toda bebida quente ou fria), a terra/solo onde vivem, o fogo/energia que usam, a Chave da Proteção (lar, armazenamento, saúde, segurança, transporte), as folhas de grama que pisam, as bijuterias que usam (oh!), as jóias que usam (oh!), as roupas, os sapatos, os chapéus inundam nossas vidas como uma avalanche – tudo é motivo de absurda curiosidade e os paparazzi estão a postos para tudo fotografar, obsessivamente.

É um vomitar constante de notícias desimportantes, de supérfluos nada-consta, de rasos sobrelevados, de sobreafirmados vazios, de considerações a desconsiderar, de verdades inúteis, sabidas há 300 anos. É um borbulhar de vacuidades, de badalar de sinos sem som, de significados expostos há décadas, mas recém tomados como tremendas cerebrações.

Enfim, semana após semana, mês após mês, ano que se sucede a ano, aquilo vem irromper em nossas existências. As bancas ficam lotadas de tais bobagens das elites.

Como já disseram de outro modo, cada povo tem as elites que merece – e as elites brasileiras são particularmente fúteis.

Vitória, terça-feira, 01 de julho de 2003.

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