Chatices das Elites
No Brasil lançaram
desde uns 10 anos atrás para cá inúmeras revistas falando das elites, por
exemplo, Caras, Gente (da Istoé) e outras que mostram as casas, as roupas, as
férias, toda a vida dos famosos. São revistas de fotografias, como era a
Manchete há 50, 40, 30 anos. Quase não há palavras, são revistas para os povos,
desde as elites do TER.
Quantos seriam os
modos de ver as elites?
PELA CHAVE DO TER:
·
Ricos
·
Médios-altos
DA
CHAVE DO LABOR:
·
Elites
operárias
·
Elites
intelectuais
·
Elites
financistas
·
Elites
militares
·
Elites
burocráticas
DA
CHAVE DAS TAREFAS:
·
Elites
agropecuárias/extrativistas
·
Elites
industriais
·
Elites
comerciais
·
Elites
dos serviços
·
Elites
bancárias
DO
CONHECIMENTO:
·
Elites
mágicas/artísticas
·
Elites
teológicas/religiosas
·
Elites
filosóficas/ideológicas (dos partidos)
·
Elites
científicas/técnicas
·
Elites
matemáticas.
E mais quantas houvessem, como
descritas no modelo, na relação do povelite ou não, as elites sendo mostradas
aos povos.
Esquadrinham tudo e é de uma chatice
pavorosa. Do café da manhã ao almoço, do chá da tarde ao jantar, o sair de
noite, a madrugada. O ar que respiram, a água que bebem (mais toda bebida
quente ou fria), a terra/solo onde vivem, o fogo/energia que usam, a Chave da
Proteção (lar, armazenamento, saúde, segurança, transporte), as folhas de grama
que pisam, as bijuterias que usam (oh!), as jóias que usam (oh!), as roupas, os
sapatos, os chapéus inundam nossas vidas como uma avalanche – tudo é motivo de
absurda curiosidade e os paparazzi estão a postos para tudo fotografar,
obsessivamente.
É um vomitar constante de notícias
desimportantes, de supérfluos nada-consta, de rasos sobrelevados, de
sobreafirmados vazios, de considerações a desconsiderar, de verdades inúteis,
sabidas há 300 anos. É um borbulhar de vacuidades, de badalar de sinos sem som,
de significados expostos há décadas, mas recém tomados como tremendas
cerebrações.
Enfim, semana após semana, mês após
mês, ano que se sucede a ano, aquilo vem irromper em nossas existências. As
bancas ficam lotadas de tais bobagens das elites.
Como já disseram de outro modo, cada
povo tem as elites que merece – e as elites brasileiras são particularmente
fúteis.
Vitória, terça-feira, 01 de julho de
2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário