quarta-feira, 1 de março de 2017


A Reinvenção da Cidadania

 

                            Peguemos o que chamei de “maiores bandeiras”, aquelas que são, pela natureza das necessidades a expressar, as mais altas, largas e profundas: a das mulheres, a dos negros, a dos índios, a das crianças, a dos velhos, a dos pobres e miseráveis, a das minorias políticas nacionais, as de todos os que sofrem e anseiam – elas devem ter, no futuro, mais e melhores respostas, até chegar à presumida igualdade.       

                            Coloque numa planilha os quesitos:

1.       Quantidade de pleiteantes (logo de cara as mulheres ganham, pois passam de 50 %);

2.      Os males geo-históricos sofridos (os negros sofreram barbaramente, durante 500 anos nas mãos dos ocidentais, e só não padeceram no Oriente porque não foram levados para lá);

3.      O desamparo (por exemplo, o das crianças);

4.     A nobreza de gestos (como os dos velhos);

5.      Muitos outros.

Multiplicando os índices ou apontadores (que um coletivo de acadêmicos pode estabelecer), pode ser verificada aquela largura (quantitativa), aquela altura (qualitativa) e aquela profundidade da ofensa, e conseqüentemente a carência ou querência, o querer que deve ser satisfeito.

Então saberemos as DIMENSÕES DE BANDEIRA.

Ora, interessa a todos que novas cidadanias estejam constantemente sendo inventadas, ou seja, que os desafios de satisfazer a estes ou aqueles empurrem os governempresas para renovações expressivas, quer dizer, dilatação da liberdade de fazer, de estar, de ir e vir, de assumir e assumir-se nesta ou naquela atividade. Evidentemente interessa aos que já são livres somar liberdades e direitos. Não diminuiu as dos homens a ampliação das liberdades femininas, o fato de as mulheres estarem sendo mais respeitadas. Reinventar a cidadania é condição sem a qual não haverá futuro, pois tudo afunilaria para um ponto e para o desaparecimento.

Vitória, quarta-feira, 25 de junho de 2003.

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