quarta-feira, 1 de março de 2017


A Pregação da Revolução

 

                            Os tolos têm como certo que a pregação revolucionária, por ser detestada pela classe ocupante do poder, deve ser feita às escondidas, por cochichos, “na camufla”. Isso provoca um afunilamento e um círculo de vigilância que leva à criação dos comitês centrais à soviética, aquela concentração extremamente daninha que mata a democracia participativa.

                            Pelo contrário, tudo deve ser feito às claras.

                            É evidente que os agentes da burguesia não podem estar em todos os lugares ao mesmo tempo e algumas coisas lhes escaparão.

                            E como haveríamos de fazer coalescer ou aglutinar na sociedade supersaturada os cristais, sem lhes comunicar a energia inicial que provoca a reação de fusão? Como saberemos quem detém os conhecimentos (racionais) e as práticas (sentimentais) ligativas? Como chegaremos aos simpatizantes que cederão o dinheiro de sustentação? A menos que queiramos fazer revolução através da estrutura dos partidos estabelecidos e sancionados ou desejemos cair nessa clandestinidade fajuta que é a pregação suposta esperta, o único caminho é manifestar desde logo todas as intenções, colocando abertamente os elementos de troca na mesa. Sem a franqueza dessa abertura total, como é que atrairemos os verdadeiros revolucionários, os que não estão ocultos sob camadas e camadas de tratos culturais aprovados?

                            Os da burguesia e seu braço armado não são bobos e estão preparados para seguir qualquer pretendente a conspirador.

                            Daí que somente a disposição de comunicar a todos nos trará aquelas figuras mais competentes para o novo jogo. Somente o anúncio às claras, completamente despojado provocará a queda dos frutos maduros.

                            Eis porque é necessário promover essa palestra anunciando a revolução mundial que se levanta.

                            Vitória, sexta-feira, 18 de julho de 2003.

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