sexta-feira, 3 de março de 2017


A Pequena Perfeição

 

                            Em pessoas que supostamente crêem em Deus é espantoso ver como elas se apegam ao material e dão brilho aos ladrilhos, aos granitos, aos mármores, enceram as madeiras, rebuscam nas tintas, enfeitam-se não para o que chamam pomposamente O Senhor, mas para si. Na realidade elas não “amam a Deus sobre todas as coisas” e não oferecem suas ricas-pobres vidas miseráveis ao Senhor Incomensurável, como dizem. Louvam e beneficiam somente a si mesmas. Vestem roupas caras, jóias que diante de Deus-Pai não passam de bugigangas, engalanam-se todas de precárias riquezas humanas.

                            Para pessoas que “temem a Deus” (para mim essa idéia de temor é muito esquisita, porque se nada se fez de errado, por que não amar, apenas?) elas distinguem-se muito no mundo de trevas. Se Deus é onipotente, onipresente, onividente e tem tantas outras capacidades-limite, que interesse teria para ele o que não fosse a oferta do livre-arbítrio? Se Deus-Natureza, Ele/Ela, ELI = ABBA = ALÁ dá a liberdade de opinar e divergir, A OFERTA DAS OBRAS é que é bem-vinda e não o engrandecimento inútil de si através dos apuros humanos que não passam de ridícula ostentação. E a oferta não depende da grandeza da obra, mas da sinceridade do doador. Para a GRANDE PERFEIÇÃO o que valem as perfeições pequenas e finitas? Se Deus faz perfeitamente, além de qualquer empenho racional, no trans-finito, faz sempre o melhor e o mais alto, com o que as obras humanas não podem ser comparadas. Ora, sendo assim, a única oferta válida não é o amor? E principalmente o amor a Deus? É porisso que está lá: “amai a Deus acima de TODAS as coisas”.

                            Quando nos voltamos para as coisas mesmas estamos nos alienando de ELI, mirando a forma sem ver o conteúdo, pois a forma existe para que a ultrapassemos e cheguemos até o conteúdo.

                            Mas há tanta gente que se detém nas formas e não passa disso, não vai além do bezerro de ouro, o deus de ouro!

                            Vitória, quinta-feira, 24 de julho de 2003.

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