A Pequena Perfeição
Em pessoas que
supostamente crêem em Deus é espantoso ver como elas se apegam ao material e
dão brilho aos ladrilhos, aos granitos, aos mármores, enceram as madeiras,
rebuscam nas tintas, enfeitam-se não para o que chamam pomposamente O Senhor,
mas para si. Na realidade elas não “amam a Deus sobre todas as coisas” e não
oferecem suas ricas-pobres vidas miseráveis ao Senhor Incomensurável, como
dizem. Louvam e beneficiam somente a si mesmas. Vestem roupas caras, jóias que
diante de Deus-Pai não passam de bugigangas, engalanam-se todas de precárias
riquezas humanas.
Para pessoas que
“temem a Deus” (para mim essa idéia de temor é muito esquisita, porque se nada
se fez de errado, por que não amar, apenas?) elas distinguem-se muito no mundo
de trevas. Se Deus é onipotente, onipresente, onividente e tem tantas outras
capacidades-limite, que interesse teria para ele o que não fosse a oferta do
livre-arbítrio? Se Deus-Natureza, Ele/Ela, ELI = ABBA = ALÁ dá a liberdade de
opinar e divergir, A OFERTA DAS OBRAS é que é bem-vinda e não o engrandecimento
inútil de si através dos apuros humanos que não passam de ridícula ostentação.
E a oferta não depende da grandeza da obra, mas da sinceridade do doador. Para
a GRANDE PERFEIÇÃO o que valem as perfeições pequenas e finitas? Se Deus faz
perfeitamente, além de qualquer empenho racional, no trans-finito, faz sempre o
melhor e o mais alto, com o que as obras humanas não podem ser comparadas. Ora,
sendo assim, a única oferta válida não é o amor? E principalmente o amor a
Deus? É porisso que está lá: “amai a Deus acima de TODAS as coisas”.
Quando nos voltamos
para as coisas mesmas estamos nos alienando de ELI, mirando a forma sem ver o
conteúdo, pois a forma existe para que a ultrapassemos e cheguemos até o
conteúdo.
Mas há tanta gente
que se detém nas formas e não passa disso, não vai além do bezerro de ouro, o
deus de ouro!
Vitória,
quinta-feira, 24 de julho de 2003.
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