A Ilusão de Spinoza
Do livro de Martin
Seymour-Smith, Os 100 Livros que Mais
Influenciaram a Humanidade, Rio de Janeiro, DIFEL, 2002 (sobre original de
1998), p. 335 e seguintes, onde ele fala da Ética, de Baruch Spinoza, da página
336 podemos tirar este texto:
“Spinoza começou bem
cedo a se ofuscar em função do seu pensamento. Pouco se sabe dos detalhes de
sua vida particular. Ninguém sabe, por exemplo, o que pensava sobre sexo. Tudo o que sabemos
sobre ele o favorece, algo tão raro quanto a sua filosofia.
Sobretudo, o
que queria descobrir era uma vida de bem-aventurança para o homem, ‘uma alegria
suprema e contínua por toda a eternidade’”, negritos e coloridos
meus.
Bem, aprendi do
modelo que a soma é zero, que há tanto um lado ruim quanto um bom, que ninguém
é somente bom, e que se, acidentalmente a vida da pessoa TRANSCORRER EM
BONDADE, sendo ela um daqueles raros A (2,5 % = 1/40) - B = 47,5 %, C = 47,5 %,
D = 2,5 % -, a herança virtual fará com que dela emane o mal, como aconteceu
com Cristo. Mas se a LINHA DA PESSOA for o bem, voltará o ciclo à dominância do
bem. Ou seja, se a pessoa não faz o mal, farão por ela e em seu nome.
E Espinoza (em
português se escreve assim, às vezes; Baruch de Spinoza, 1632 a 1677, apenas 45
anos entre datas – descendente de ricos comerciantes judeus, nascido nos Países
Baixos) não poderia senão em ignorância pretender “uma alegria suprema e
contínua por toda a eternidade”, pois a existência é uma senóide ou uma
cossenóide, com altos e baixos inevitáveis e incontornáveis. Estava iludido,
como estarão os que pretenderem o inverso, fazer a vida humana um inferno, pois
o contrário sempre virá. Mas foi boa a intenção, foi louvável, mostra uma alma
boa e gentil, o que vemos pouco entre os humanos: um anjo entre os racionais da
Terra, o que de fato é bem raro.
Porém foi covardia
Seymour-Smith dizer: “Agora que está a salvo morto – portanto, sua
magnitude não será vitimada pela inveja, exceto pela de uma minoria – é o mais
amado ou, no mínimo, o mais respeitado dentre os filósofos que surgiram num
ambiente de preconceito, intolerância, incompreensão, insensibilidade e
crueldade”. SEMPRE haverão 2,5 % que invejarão, sem que nem por quê,
independentemente de qualquer oferta de amizade, de riqueza, de partilhamento.
SEMPRE, indefectivelmente. O que importa é a grandeza e não o que essa grandeza
enfrenta, na vida ou na morte.
Vitória,
quarta-feira, 30 de julho de 2003.
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