sexta-feira, 3 de março de 2017


A Ilusão de Spinoza

 

                            Do livro de Martin Seymour-Smith, Os 100 Livros que Mais Influenciaram a Humanidade, Rio de Janeiro, DIFEL, 2002 (sobre original de 1998), p. 335 e seguintes, onde ele fala da Ética, de Baruch Spinoza, da página 336 podemos tirar este texto:

                            “Spinoza começou bem cedo a se ofuscar em função do seu pensamento. Pouco se sabe dos detalhes de sua vida particular. Ninguém sabe, por exemplo, o que pensava sobre sexo. Tudo o que sabemos sobre ele o favorece, algo tão raro quanto a sua filosofia. Sobretudo, o que queria descobrir era uma vida de bem-aventurança para o homem, ‘uma alegria suprema e contínua por toda a eternidade’”, negritos e coloridos meus.

                            Bem, aprendi do modelo que a soma é zero, que há tanto um lado ruim quanto um bom, que ninguém é somente bom, e que se, acidentalmente a vida da pessoa TRANSCORRER EM BONDADE, sendo ela um daqueles raros A (2,5 % = 1/40) - B = 47,5 %, C = 47,5 %, D = 2,5 % -, a herança virtual fará com que dela emane o mal, como aconteceu com Cristo. Mas se a LINHA DA PESSOA for o bem, voltará o ciclo à dominância do bem. Ou seja, se a pessoa não faz o mal, farão por ela e em seu nome.

                            E Espinoza (em português se escreve assim, às vezes; Baruch de Spinoza, 1632 a 1677, apenas 45 anos entre datas – descendente de ricos comerciantes judeus, nascido nos Países Baixos) não poderia senão em ignorância pretender “uma alegria suprema e contínua por toda a eternidade”, pois a existência é uma senóide ou uma cossenóide, com altos e baixos inevitáveis e incontornáveis. Estava iludido, como estarão os que pretenderem o inverso, fazer a vida humana um inferno, pois o contrário sempre virá. Mas foi boa a intenção, foi louvável, mostra uma alma boa e gentil, o que vemos pouco entre os humanos: um anjo entre os racionais da Terra, o que de fato é bem raro.

                            Porém foi covardia Seymour-Smith dizer: “Agora que está a salvo morto – portanto, sua magnitude não será vitimada pela inveja, exceto pela de uma minoria – é o mais amado ou, no mínimo, o mais respeitado dentre os filósofos que surgiram num ambiente de preconceito, intolerância, incompreensão, insensibilidade e crueldade”. SEMPRE haverão 2,5 % que invejarão, sem que nem por quê, independentemente de qualquer oferta de amizade, de riqueza, de partilhamento. SEMPRE, indefectivelmente. O que importa é a grandeza e não o que essa grandeza enfrenta, na vida ou na morte.

                            Vitória, quarta-feira, 30 de julho de 2003.

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