A Barreira dos Ateus
Fiquei ateu dos 18
aos 43 anos, por 25 anos, então.
Põe-se para os ateus
a mesma questão que aos que acreditam: como o universo foi feito?
Naturalmente a resposta do par polar
oposto/complementar acaso/necessidade - de acordo com a Rede Cognata (veja
Livro 2, Rede e Grade Signalíticas),
caos # ACASO, isto é, o caos é o anticognato do acaso, seu oposto completo,
devendo o caos ser idêntico à necessidade; mas caos = CAUSA, que é o contrário
de efeito, de modo que acaso seria efeito – é insatisfatória, quer por um lado
quer pelo outro, pois só os extremos da Curva do Sino ou de Gauss ou das
Distribuições Normais, apenas 2,5 % + 2,5 % estão nas extremidades enquanto
soluções polares autorizadas e isso soma apenas 5,0 % do total. A maior parte
dos acontecimentos é uma mistura central de acaso e de necessidade.
Ora, os ateus (a/teus, os sem-DEUS)
acreditam inteiramente no acaso como pólo superfavorecido, com ausência
completa de Deus, enquanto definidor de todas as necessidades. A montagem do
universo teria se dado completamente ao acaso, sem presença de causas ou
causadores, sem nenhum agente desenhista, exceto depois que o ser humano
emerge. Sendo o ser, qualquer racional, inclusive o ateu, parcial, ele deve
assumir a parcialidade, a não-integralidade, a incapacidade de explicar
coerentemente TODOS os elementos do universo – pois quando o ente mais acima
conseguir explicar todos os mais de baixo, resultará ainda inexplicado o
próprio explicador, que assim estará incompleto, por definição: por mais que se
subisse, a menos que o último se confunda com o espaçotempo, ele sempre terá
fora da equação da completa racionalidade a si mesmo. Parece que posso me
explicar, mas não posso: o que me explica é o fato de as PESSOAS (indivíduos,
famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados,
nações e mundos) terem evoluído para compreensões muito mais largas, que posso
utilizar como sendo minhas.
Os ateus devem acreditar que o
Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática) explicará algum dia todo o conjunto da micropirâmide (campartícula
fundamental, subcampartículas, átomos, moléculas, replicadores, células,
órgãos, corpomentes), da mesopirâmide
(indivíduos, famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações,
mundos) e da macropirâmide
(planetas, sistemas estelares, constelações, galáxias, aglomerados,
superaglomerados, universos, pluriverso), quer dizer, A TOTALIDADE DAS EQUAÇÕES
E DAS FORMAS, das formas e das estruturas, das formestruturas, isto é, QUE
PRODUZIRÁ COERÊNCIA COMPLETA, um centro só para toda a esfera de tríades, com
os terceiros de todos os pares polares opostos/complementares. Que o Ser
(conjunto dos seres) que olha também montará o espelho PARA SE OLHAR e se
compreender, sem tornar-se tudo (pois isto corresponderia a tornar-se Deus).
Portanto, desde o início, o a/teu, como o “teu”, propõe uma impropriedade, quer
dizer, tudo menos um infinitésimo enquanto solução integral que não o é,
obviamente. Como sabe disso o que está propondo é uma trégua: não pensemos nas
derradeiras perguntas, deixemo-las de lado para resolver os pequenos problemas.
SE FOR ASSIM, evidentemente essa solução menor torna-se satisfatória apenas na
condição de nos sabermos incapazes desde o início. O ateu não quer o mergulho,
quando o mais elevado dos entes salta para promover a integração de todas as
equações EM SI. Ele vai até o vestíbulo, mas não entra. Desse modo o ateu é,
por natureza da proposta, um pessimista, que deseja quase tudo, mas não tudo.
Esqueçamos, diz ele, as perguntas mais profundas em nome de nossa quietude
transitória (enquanto EM TRÂNSITO) de espírito. Façamos ciência, se for o caso,
sem pensar em nada mais, esperando pelos resultados imediatos, sem fazer as
perguntas inquietantes que nos desviariam do caminho do somatório do pequeno e
do pouco, esse quase que nada, mas que é seguro. É, inversamente, a mesma
posição da Fé, que acredita sem questionar. O ateu desacredita sem questionar.
Já o agnóstico pensa não ser possível
nem provar nem desaprovar – ele desautoriza tanto a fé quanto a falta de fé,
tanto o crente quanto o ateu. Essa sim, é a posição INVERSA de Deus, que se
for, se existir, É tanto prova quanto falta de prova. Prova, porque Deus existiria,
efetivamente. Falta dela porque nenhum outro ser SERIA mesmo real, isto é,
existiria fora de Deus, independentemente. Portanto, Deus cria o mundo para
pensar que é real NO ESPELHO criado, criando os seres de ficção fora de si
(porém eles não podem estar realmente fora, já que Deus é tudo – então Deus
olha para SI e vê as ficções que criou se debatendo como loucas).
Vitória, quarta-feira, 30 de julho de
2003.
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