sexta-feira, 3 de março de 2017


A Barreira dos Ateus

 

                            Fiquei ateu dos 18 aos 43 anos, por 25 anos, então.

                            Põe-se para os ateus a mesma questão que aos que acreditam: como o universo foi feito?

 Naturalmente a resposta do par polar oposto/complementar acaso/necessidade - de acordo com a Rede Cognata (veja Livro 2, Rede e Grade Signalíticas), caos # ACASO, isto é, o caos é o anticognato do acaso, seu oposto completo, devendo o caos ser idêntico à necessidade; mas caos = CAUSA, que é o contrário de efeito, de modo que acaso seria efeito – é insatisfatória, quer por um lado quer pelo outro, pois só os extremos da Curva do Sino ou de Gauss ou das Distribuições Normais, apenas 2,5 % + 2,5 % estão nas extremidades enquanto soluções polares autorizadas e isso soma apenas 5,0 % do total. A maior parte dos acontecimentos é uma mistura central de acaso e de necessidade.

Ora, os ateus (a/teus, os sem-DEUS) acreditam inteiramente no acaso como pólo superfavorecido, com ausência completa de Deus, enquanto definidor de todas as necessidades. A montagem do universo teria se dado completamente ao acaso, sem presença de causas ou causadores, sem nenhum agente desenhista, exceto depois que o ser humano emerge. Sendo o ser, qualquer racional, inclusive o ateu, parcial, ele deve assumir a parcialidade, a não-integralidade, a incapacidade de explicar coerentemente TODOS os elementos do universo – pois quando o ente mais acima conseguir explicar todos os mais de baixo, resultará ainda inexplicado o próprio explicador, que assim estará incompleto, por definição: por mais que se subisse, a menos que o último se confunda com o espaçotempo, ele sempre terá fora da equação da completa racionalidade a si mesmo. Parece que posso me explicar, mas não posso: o que me explica é o fato de as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundos) terem evoluído para compreensões muito mais largas, que posso utilizar como sendo minhas.

Os ateus devem acreditar que o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) explicará algum dia todo o conjunto da micropirâmide (campartícula fundamental, subcampartículas, átomos, moléculas, replicadores, células, órgãos, corpomentes), da mesopirâmide (indivíduos, famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações, mundos) e da macropirâmide (planetas, sistemas estelares, constelações, galáxias, aglomerados, superaglomerados, universos, pluriverso), quer dizer, A TOTALIDADE DAS EQUAÇÕES E DAS FORMAS, das formas e das estruturas, das formestruturas, isto é, QUE PRODUZIRÁ COERÊNCIA COMPLETA, um centro só para toda a esfera de tríades, com os terceiros de todos os pares polares opostos/complementares. Que o Ser (conjunto dos seres) que olha também montará o espelho PARA SE OLHAR e se compreender, sem tornar-se tudo (pois isto corresponderia a tornar-se Deus). Portanto, desde o início, o a/teu, como o “teu”, propõe uma impropriedade, quer dizer, tudo menos um infinitésimo enquanto solução integral que não o é, obviamente. Como sabe disso o que está propondo é uma trégua: não pensemos nas derradeiras perguntas, deixemo-las de lado para resolver os pequenos problemas. SE FOR ASSIM, evidentemente essa solução menor torna-se satisfatória apenas na condição de nos sabermos incapazes desde o início. O ateu não quer o mergulho, quando o mais elevado dos entes salta para promover a integração de todas as equações EM SI. Ele vai até o vestíbulo, mas não entra. Desse modo o ateu é, por natureza da proposta, um pessimista, que deseja quase tudo, mas não tudo. Esqueçamos, diz ele, as perguntas mais profundas em nome de nossa quietude transitória (enquanto EM TRÂNSITO) de espírito. Façamos ciência, se for o caso, sem pensar em nada mais, esperando pelos resultados imediatos, sem fazer as perguntas inquietantes que nos desviariam do caminho do somatório do pequeno e do pouco, esse quase que nada, mas que é seguro. É, inversamente, a mesma posição da Fé, que acredita sem questionar. O ateu desacredita sem questionar.

Já o agnóstico pensa não ser possível nem provar nem desaprovar – ele desautoriza tanto a fé quanto a falta de fé, tanto o crente quanto o ateu. Essa sim, é a posição INVERSA de Deus, que se for, se existir, É tanto prova quanto falta de prova. Prova, porque Deus existiria, efetivamente. Falta dela porque nenhum outro ser SERIA mesmo real, isto é, existiria fora de Deus, independentemente. Portanto, Deus cria o mundo para pensar que é real NO ESPELHO criado, criando os seres de ficção fora de si (porém eles não podem estar realmente fora, já que Deus é tudo – então Deus olha para SI e vê as ficções que criou se debatendo como loucas).

Vitória, quarta-feira, 30 de julho de 2003.

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