Teleporto
Obviamente fala-se
em ficção científica de teleporte (a transferência de pessoas e objetos de um
ponto a outro, sem passar pelos intermediários), mas ninguém aborda as
implicações dele no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática), nele a pontescada tecnocientífica, nesta a
pontescada científica (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3,
Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6) e, mais embaixo, a pontescada
técnica (Engenharia/X1, Medicina/X2, Psiquiatria/X3, Cibernética/X4,
Astronomia/X5 e Discursiva/X6).
Tudo isso nos daria
chances enormes, oportunidades espantosas de desenvolver filmes e seriados.
Primeiro,
instalações grandes teriam de ser erguidas em locais muito bem vigiados.
Imagine se o corpo em translação instantânea, com velocidade infinita, se
manifestasse ou se mostrasse num lugar onde não estava antes, mas onde
estivesse qualquer minúsculo objeto – o impacto seria de uma bala com
velocidade infinita. Depois, a parada seria queda de velocidade infinita para
zero, com transformação da quantidade total de movimento em outras formas de
energia. Observe que, por meio da transferência, um corpo padrão poderia ser transformado
e a pessoa poderia, sem o querer absolutamente, ser transformada em outra, até
trocando de sexo, quem sabe. Então, para começar, seriam instalações
governempresariais de altíssimo risco e vigilância, mormente quando se tratasse
de passagem de políticos do Legislativo, de governantes do Executivo e de juizes
do Legislativo, quando não de empresários, especialmente os grandes.
E imagine que sem
autenticação fossem transferidas bombas!
Ou pragas (vírus e
bactérias), animais peçonhentos, etc.
Parece assim, de
imediato, que o teleporte traz mais confusões que soluções – uma nova classe de
problemas a resolver, cuja apresentação imperfeita pelos magos/artistas dará
oportunidade de raciocínio primário aos cientistas/técnicos.
Qualquer trama já
pode ser urdida em volta disso. Só esses primeiros pensamentos a respeito das
instalações do Teleporto (transferência de PESSOAS: de indivíduos, de famílias,
de grupos, de empresas; transferências de coisas dos AMBIENTES: de
municípios/cidades, de estados, de nações, dos mundos), sobre os processobjetos
que estão relacionados com ele e os demais enquadramentos, já possibilitam
inumeráveis cenários.
Onde os teleportos
seriam instalados? Vemos que os aeroportos são lugares bem particulares, das
elites; então imagine os teleportos, envoltos em tantos segredos, e tão admirados
de fora pelos pobres e miseráveis, que os veriam certamente como mágicos, e
objetos de veneração. E os terroristas? E as organizações de oposição pacífica?
Arranjando-se uma
turma de bons escritores, uns dez dos maiorzinhos, já haveria motivos para 50
filmes da série, de grande atração internacional, e depois mais de mil, quando
a coisa “pegasse”.
Uma razão a mais
para a felicidade de Hollywood.
E da gente também,
por quê não?
Vitória, terça-feira,
24 de junho de 2003.
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