quarta-feira, 1 de março de 2017


Teleporto

 

                            Obviamente fala-se em ficção científica de teleporte (a transferência de pessoas e objetos de um ponto a outro, sem passar pelos intermediários), mas ninguém aborda as implicações dele no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), nele a pontescada tecnocientífica, nesta a pontescada científica (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6) e, mais embaixo, a pontescada técnica (Engenharia/X1, Medicina/X2, Psiquiatria/X3, Cibernética/X4, Astronomia/X5 e Discursiva/X6).

                            Tudo isso nos daria chances enormes, oportunidades espantosas de desenvolver filmes e seriados.

                            Primeiro, instalações grandes teriam de ser erguidas em locais muito bem vigiados. Imagine se o corpo em translação instantânea, com velocidade infinita, se manifestasse ou se mostrasse num lugar onde não estava antes, mas onde estivesse qualquer minúsculo objeto – o impacto seria de uma bala com velocidade infinita. Depois, a parada seria queda de velocidade infinita para zero, com transformação da quantidade total de movimento em outras formas de energia. Observe que, por meio da transferência, um corpo padrão poderia ser transformado e a pessoa poderia, sem o querer absolutamente, ser transformada em outra, até trocando de sexo, quem sabe. Então, para começar, seriam instalações governempresariais de altíssimo risco e vigilância, mormente quando se tratasse de passagem de políticos do Legislativo, de governantes do Executivo e de juizes do Legislativo, quando não de empresários, especialmente os grandes.

                            E imagine que sem autenticação fossem transferidas bombas!

                            Ou pragas (vírus e bactérias), animais peçonhentos, etc.

                            Parece assim, de imediato, que o teleporte traz mais confusões que soluções – uma nova classe de problemas a resolver, cuja apresentação imperfeita pelos magos/artistas dará oportunidade de raciocínio primário aos cientistas/técnicos.

                            Qualquer trama já pode ser urdida em volta disso. Só esses primeiros pensamentos a respeito das instalações do Teleporto (transferência de PESSOAS: de indivíduos, de famílias, de grupos, de empresas; transferências de coisas dos AMBIENTES: de municípios/cidades, de estados, de nações, dos mundos), sobre os processobjetos que estão relacionados com ele e os demais enquadramentos, já possibilitam inumeráveis cenários.

                            Onde os teleportos seriam instalados? Vemos que os aeroportos são lugares bem particulares, das elites; então imagine os teleportos, envoltos em tantos segredos, e tão admirados de fora pelos pobres e miseráveis, que os veriam certamente como mágicos, e objetos de veneração. E os terroristas? E as organizações de oposição pacífica?

                            Arranjando-se uma turma de bons escritores, uns dez dos maiorzinhos, já haveria motivos para 50 filmes da série, de grande atração internacional, e depois mais de mil, quando a coisa “pegasse”.

                            Uma razão a mais para a felicidade de Hollywood.

                            E da gente também, por quê não?

                            Vitória, terça-feira, 24 de junho de 2003.

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