quarta-feira, 1 de março de 2017


Superestado Confuciano

 

                            No livro Taoísmo, O Caminho do Místico, São Paulo, Martins Fontes, 1984 (original americano de 1972), p. 58, o autor, J. C. Cooper, diz: “Do mesmo modo como Lao Tzu rompeu com a sofisticação e o artificialismo de seu tempo, mais tarde o maior seguidor e expoente de suas doutrinas lutou contra o convencionalismo e o cerimonialismo excessivos, que Confúcio deixara impregnados na vida pública e privada chinesas”.

                            Os governempresas pós-contemporâneos, desta Era que começou com a Queda da URSS em 1991, devem juntar gente em grupos meio-evidentes meio-ocultos e dar-lhes “verbas desaparecidas”, verbas que não deixem trilhas, para vigiar os estados, de forma a que eles não congelem em parte alguma em sofisticação excessiva, em artificialismo doentio, em convencionalismo anquilosado, em cerimonialismo superficialíssimo.

                            A luta é a de sempre.

                            Evidente que o ciclo é inescapável e o Tao oriental, a dialética ocidental e o modelo aconselham o não-forçamento, de modo a não armar a mola ou tensor dialético, mas mesmo assim pode-se agir nas sombras, brandamente, de modo a diminuir o tamanho absoluto da seta ou de maneira a preparar a volta do contrário. Uma escola antiestado deve ser desenvolvida, como já mostrei no modelo, a chamada “escola da antinação”, que promova a dissolução dela, de modo a que ela não vá trazer dor excessiva ao gênero humano.

                            Agora mesmo, enquanto estou escrevendo, os EUA começaram a congelar, caminhando para as dinastias no poder, mercê do ataque externo (que, creio, foi forjado) que levará à militarização e à assunção de homens fortes que engolfarão a nação em pérfidas disputas internas e irão manietá-la progressivamente. Quando tal aconteça, aqui ou acolá, as forças vivas devem ser levadas a outros lugares, por exemplo, a fronteiras externas ou internas, onde possam se desenvolver e reintroduzir os vetores da liberdade.

                            Vitória, quarta-feira, 25 de junho de 2003.

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