O Ser Humano
A tese do Altamiro (Borges
Pires) é que o ser humano, de centro que era, foi progressivamente alienado
pelo aparecimento das ciências e dos conhecimentos todos, que no modelo
chamaríamos de Conhecimento (genericamente Magia-Arte, Teologia-Religião,
Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e Matemática).
A Filosofia quer que
só haja humanidade sancionada por ela, a Economia diz que só é humano o que for
econômico e produtivo, a Religião só aceita como válido o que tiver sido
indexado por ela (as palavras são minhas) e assim por diante.
A tese não só é
muito boa, não só é verdadeira, como é a mesma do modelo, postas as diferenças:
pois este prega a existência de um EIXO DO FALAR, de uma só fala, de um só ser
humano, em nome do qual foram feitas todas as coisas como culminação, isto é,
para o cristal na ponta da flecha da Criação (por enquanto, até que venha o
além-do-ser-humano), naquele sentido teilardiano de preocupação mor do Nous, a
esfera-racional, através da qual Deus, digamos assim, opera.
A motivação, que
seria a humanização, perdeu-se nalgum ponto perverso, e ficou apenas o conhecer
como motivo, o conhecer pelo conhecer, alienado, posto fora do ser humano. No
mundo pervertido não é o conhecimento que serve o humano, é o humano que acumula
para o conhecimento.
De fato, o modelo
também prega que pela aceitação do eixo único sejamos capazes de recuperar a
Fala primeva, o primitivo expressar total, o dizer completo, inteiro, não
apenas da união dos pares polares de opostos/complementares, como a
centralização indubitável que escorraçará o falar descentrado, excêntrico,
alienado, distanciado dos valores mais úteis e verdadeiros.
Aí nossos dizeres
começam a convergir, o modo dele falar e o meu, pois não se deve ter um centro
na Psicologia, outro no Direito, outro na Física, cada um querendo ser O
CENTRO, pois este deve ser apenas um, como qualquer um pode entender. Paremos
de falar em causa própria e falemos na causa geral.
Vitória,
sexta-feira, 18 de julho de 2003.
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