domingo, 5 de março de 2017


Mesmo Assim...

 

                            Do mesmo livro de Asimov, p. 219:

                            “Quando as armas desenvolvidas pelas espécies inteligentes são tão poderosas e destrutivas que ultrapassam a capacidade das espécies para restaurar e reconstruir, a civilização chega automaticamente ao fim.

                            “Ao que tudo indica, o Homo sapiens percorreu todo o caminho e hoje enfrenta uma situação onde uma guerra termonuclear em grande escala pode acabar com a civilização, talvez para sempre.

                            “Mesmo se evitarmos uma guerra nuclear, os outros complementos de uma tecnologia desenvolvida, que se expandiram de modo praticamente cego, podem destruir-nos se não houver cuidadoso controle”, grifo e colorido meus.

                            As pessoas falam das armas como se elas tivessem autonomia e não dependessem do agente para serem disparadas. Dependem, dependem exclusivamente, mesmo se há uma espoleta que dispara em certas situações previstas, pois foi preciso que um ser imaginasse as situações e criasse o programa-máquina, o programáquina que dispara em tal ou qual situação prevista. Ainda foi o dedo remoto que apertou o botão, através e uma cadeia de sucessões.

                            Então, não são as armas que falham, são as psicologias (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, geo-histórias ou espaçotempos) HUMANAS que falham, e seria preciso cuidar delas. Vendo-se os níveis (iluminados, santos/sábios, estadistas, pesquisadores, profissionais, lideranças e povo) e sabendo-se que os iluminados estão todos mortos, deveríamos nos guiar pelo que eles deixaram escrito ou dito, seguindo ardentemente seus conselhos, o que raramente fazemos no interior, além das declarações.

                            Veja que Asimov, doutor em química, cientista (além de escritor de FC), fala de TECNOLOGIA, mas não de ciência, uma ciência que se expandiu de modo praticamente cego e que não presta contas a ninguém, com 50 % dos cientistas americanos trabalhando para a ECONOMIA DA MORTE, a psicologia da morte. Os culpados são sempre os outros.

                            SE TUDO DER CERTO, mesmo assim... É o velho pessimismo, a velha depressão. Certo, muitas coisas darão errado, mas muitas darão certo, e devemos confiar, vigiando um pouco. E confiando muito, pois a confiança é o que nos livra de tantos males.

                            Vitória, segunda-feira, 28 de julho de 2003.

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