Extremos de Zenão
Zenão de Eléia era
de Eléia (antigamente a cidade ou vagamente a região dava nome à pessoa:
naqueles tempos Roberto Carlos Braga seria chamado Roberto de Cachoeiro), na
Magna Grécia (Grande Grécia, na Itália) e viveu de 495 a 430 a.C., propondo
vários paradoxos, inclusive o de Aquiles e a Tartaruga, que diz que Aquiles, o
mais rápido corredor da Grécia, não poderia alcançar a tartaruga se esta
começasse um tanto na frente, pois deveria cumprir uma parte da distância entre
a sua posição inicial e a dela, depois uma parte da nova e assim por diante,
somando-se termos infinitos - o que só foi resolvido pela matemática moderna
com as séries.
Na realidade
independe de a tartaruga andar, pois ele deve cumprir metade da distância,
depois metade da metade, a seguir metade da metade da metade, e assim por
diante, correndo infinitamente e não chegando jamais a atingir o marco zero da
tartaruga. Se fosse um terço daria no mesmo. Ou qualquer fração. Se a distância
entre ambos fosse reduzida a um infinitésimo, mesmo assim ele não a atingiria,
tal é a propriedade do espaço enquanto infinito. Mais ainda, mesmo que tivesse
a velocidade da luz ele jamais a atingiria. Além disso, se ambos tivessem a
velocidade da luz jamais sairiam do lugar. Já comentei que isso coloca
inequivocamente a questão dos dois espaços, o espaço real no qual estamos e os
espaços virtuais onde Zenão apoiou seus paradoxos, inclusive o da flecha.
Postulando além, dois corredores poderiam estar indo um de encontro a outro sem
jamais se tocarem.
Então, quando
falamos da fórmula v = x/t, que liga o espaço e o tempo através da velocidade,
estamos dizendo do espaçotempo real. E os paradoxos derivam da mistura de dois
elementos imiscíveis, o real e o virtual DUM SÓ LADO, isto é, devemos definitivamente
compreender que não podemos postular o real do lado do virtual nem vice-versa.
Fazê-lo só leva a enganos.
Podemos inventar 10
mil paradoxos a respeito do espaço e do tempo: é só misturar os dois tempos e
os dois espaços. Dá uma confusão danada.
Vitória,
quarta-feira, 30 de julho de 2003.
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