domingo, 5 de março de 2017


Extremos de Zenão

 

                            Zenão de Eléia era de Eléia (antigamente a cidade ou vagamente a região dava nome à pessoa: naqueles tempos Roberto Carlos Braga seria chamado Roberto de Cachoeiro), na Magna Grécia (Grande Grécia, na Itália) e viveu de 495 a 430 a.C., propondo vários paradoxos, inclusive o de Aquiles e a Tartaruga, que diz que Aquiles, o mais rápido corredor da Grécia, não poderia alcançar a tartaruga se esta começasse um tanto na frente, pois deveria cumprir uma parte da distância entre a sua posição inicial e a dela, depois uma parte da nova e assim por diante, somando-se termos infinitos - o que só foi resolvido pela matemática moderna com as séries.

                            Na realidade independe de a tartaruga andar, pois ele deve cumprir metade da distância, depois metade da metade, a seguir metade da metade da metade, e assim por diante, correndo infinitamente e não chegando jamais a atingir o marco zero da tartaruga. Se fosse um terço daria no mesmo. Ou qualquer fração. Se a distância entre ambos fosse reduzida a um infinitésimo, mesmo assim ele não a atingiria, tal é a propriedade do espaço enquanto infinito. Mais ainda, mesmo que tivesse a velocidade da luz ele jamais a atingiria. Além disso, se ambos tivessem a velocidade da luz jamais sairiam do lugar. Já comentei que isso coloca inequivocamente a questão dos dois espaços, o espaço real no qual estamos e os espaços virtuais onde Zenão apoiou seus paradoxos, inclusive o da flecha. Postulando além, dois corredores poderiam estar indo um de encontro a outro sem jamais se tocarem.

                            Então, quando falamos da fórmula v = x/t, que liga o espaço e o tempo através da velocidade, estamos dizendo do espaçotempo real. E os paradoxos derivam da mistura de dois elementos imiscíveis, o real e o virtual DUM SÓ LADO, isto é, devemos definitivamente compreender que não podemos postular o real do lado do virtual nem vice-versa. Fazê-lo só leva a enganos.

                            Podemos inventar 10 mil paradoxos a respeito do espaço e do tempo: é só misturar os dois tempos e os dois espaços. Dá uma confusão danada.

                            Vitória, quarta-feira, 30 de julho de 2003.

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