Arquitetura do Caos
No livro de Guitta
Pessis-Pasternak, A Ciência: Deus ou o Diabo?
São Paulo, UNESP, 2001, p. 39 e seguintes, a autora entrevista David Ruelle,
título Os Paradoxos do Caos. Na
página 41 ele diz: “(...), mas, em
certas doenças graves do coração, observamos, em contrapartida, um movimento
regular. Uma maneira de interpretar esses fenômenos seria dizer que um
movimento ‘caótico’ corresponde à situação fisiológica normal, e que um
movimento regular corresponde a uma patologia”
Pensando agora em
como os incas construíam seus muros que sobreviveram a centenas de anos de terremotos,
instalando pedras divergentes em lugar de superordenadas à maneira européia,
podemos raciocinar que o caos redireciona as tensões (compressões e distensões)
para sua anulação NATURAL, ao passo que o modo ordenado força o caos a se
exprimir em direções e sentidos PREFERENCIAIS que sobretensionam centos pontos
escolhidos (racional ou sentimentalmente).
Além disso, a
sobreposição ocidental levou a que as retas se destacassem às curvas, que foram
quase que suprimidas em nome da eficiência e dos tempos mínimos, das
racionalidades, por contraposição aos sentimentos e emoções, quase que
totalmente afastados. Ou seja, o superracional levou a palma, se tornou
vitorioso, exigindo que entre dois pontos esteja sempre a reta, esta que é o
programa contrário ao da Natureza. Nem tanto à terra nem tanto ao mar, fiquemos
na praia onde podemos ter o melhor dos dois mundos: nem segurança demais do
solo nem insegurança excessiva da água.
Os projetos de
arquitetura e de engenharia, de arquiengenharia em geral, projetos
formestruturais, levam a subutilização das formas ou das estruturas, com
prejuízo de um ou de outro lado, ou de ambos, exatamente por não juntar as DUAS
CULTURAS, esquerda e direita, curvo e reto, círculo e linha em circulinha ou
onda ou campartícula. Como vimos, se o coração ou a criação está em ritmo
falso-caótico está sarado e se está em extrema ordem está doente, como deve
estar TODA A TECNARTE DO PROJETO, tanto ocidental quanto oriental.
Seria preciso
introduzir na arquiengenharia, como foi feito na geometria, o caos, quer dizer,
tornar o caos CO-OPERANTE da ordem, permitir que coabitem o mesmo espaçotempo
ou geo-história humana.
Vitória,
terça-feira, 29 de julho de 2003.
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