Como Fazer Biografias
Já abordei a questão
do ponto de vista estrutural, conforme miramos os conjuntos PESSOAIS
(indivíduos, famílias, grupos e empresas) e AMBIENTAIS (municípios/cidades,
estados, nações e mundos), nas “enegrafias”, e em vários locais.
Aqui vamos
visualizar, investigar pelo lado formal.
Em primeiro lugar,
há o dentro e o fora, o interno e o externo – e de fora para dentro, do
coletivo para o individual, e o de dentro para fora, do individual para o
coletivo. Seria preciso ver como o ENEAGRAFADO (digamos, o indivíduo, Freud)
usou a Bandeira da Proteção (suas relações com o lar, o armazenamento, a saúde,
a segurança e o transporte). Pensemos em seu envolvimento com as tecnartes (DO
PALADAR: alimentos, bebidas, pastas, temperos, etc.; DO OLFATO: perfumes, etc.;
DA VISÃO: poesia, prosa, dança, moda, pintura, fotografia, desenho, etc., DA
AUDIÇÃO: música, discurso, etc.; DO TATO: cinema, teatro, urbanismo,
paisagismo/jardinagem, decoração, arquiengenharia, esculturação, tapeçaria,
etc. – o que existia), a quantidade e a qualidade das ligações manifestadas.
Como é que, estática
e dinamicamente, o de fora modifica o de dentro e vice-versa? Qual a sua
relação com a Escola (pré-primário, primeiro grau, segundo grau, universidade,
mestrado, doutorado, pós-doutorado)? Como passava seu dia de 24 horas (sono e
vigília; neste, café da manhã, almoço, jantar, ceia; tarefas do dia)? Quais
eram as particularidades? Quais suas interações com a Bandeira do Labor
(operários, intelectuais, financistas, militares e burocratas)? E com a
Bandeira do TER (ricos, médios-altos, pobres e miseráveis)? E com a Bandeira
das Tarefas (agropecuaristas/extrativistas, industriais, comerciantes, dos
serviços e bancários)? O que absorvia da mídia (TV, Rádio, Revista, Jornal,
Livro/Editoria e Internet) de seu tempo? Como se relacionava dentro do lar?
Pescava, caçava, como se divertia?
Enfim, cada um
aborda o biografado (mais geralmente o ENEAGRAFADO) do seu modo, fazendo suas
próprias regras. Embora fosse chato seguir uma cartilha, rendendo na estrita
obediência seqüencial aborrecidíssimas contagens, é verdade que a Academia
proporciona os trilhos que são os eixos do fazer. Primeiro estudar o mínimo
para soltar-se para o máximo. O patamar de mínima qualificação antes dos altos
vôos da liberdade. A respeitável ortodoxia antes da heterodoxia, não vá esta
inventar o que já é velho.
Com tal lista muito
extensa do modelo o (s) autor (es) terá (ao) uma quantidade de quesitos a
investigar. Um amplo leque, para dizer logo. Uma tábua dessas forçaria o
pesquisador a ir fundo, como mínimo para todos, os mais avantajados em teoria e
prática introduzindo diversidade notável, mas pelo menos com um quadro de
referência geral inicial aquém do qual ninguém estaria. Tal pré-requisito
equivaleria a uma cientifização das contagens. O que preciso perguntar sobre a
vida e a obra de fulano ou beltrano? Tanto no Paraguai quanto na Suécia
teríamos uma lista mínima homogeneizante. Se as elaborações mais medíocres de
pouco servissem enquanto inspiração, pelo menos teriam feito a pesquisa de
base, servindo a outras elaborações mais ajuizadas e mais emocionantes.
Vitória,
quinta-feira, 03 de julho de 2003.
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