quarta-feira, 1 de março de 2017


Como Fazer Biografias

 

                            Já abordei a questão do ponto de vista estrutural, conforme miramos os conjuntos PESSOAIS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e AMBIENTAIS (municípios/cidades, estados, nações e mundos), nas “enegrafias”, e em vários locais.

                            Aqui vamos visualizar, investigar pelo lado formal.

                            Em primeiro lugar, há o dentro e o fora, o interno e o externo – e de fora para dentro, do coletivo para o individual, e o de dentro para fora, do individual para o coletivo. Seria preciso ver como o ENEAGRAFADO (digamos, o indivíduo, Freud) usou a Bandeira da Proteção (suas relações com o lar, o armazenamento, a saúde, a segurança e o transporte). Pensemos em seu envolvimento com as tecnartes (DO PALADAR: alimentos, bebidas, pastas, temperos, etc.; DO OLFATO: perfumes, etc.; DA VISÃO: poesia, prosa, dança, moda, pintura, fotografia, desenho, etc., DA AUDIÇÃO: música, discurso, etc.; DO TATO: cinema, teatro, urbanismo, paisagismo/jardinagem, decoração, arquiengenharia, esculturação, tapeçaria, etc. – o que existia), a quantidade e a qualidade das ligações manifestadas.

                            Como é que, estática e dinamicamente, o de fora modifica o de dentro e vice-versa? Qual a sua relação com a Escola (pré-primário, primeiro grau, segundo grau, universidade, mestrado, doutorado, pós-doutorado)? Como passava seu dia de 24 horas (sono e vigília; neste, café da manhã, almoço, jantar, ceia; tarefas do dia)? Quais eram as particularidades? Quais suas interações com a Bandeira do Labor (operários, intelectuais, financistas, militares e burocratas)? E com a Bandeira do TER (ricos, médios-altos, pobres e miseráveis)? E com a Bandeira das Tarefas (agropecuaristas/extrativistas, industriais, comerciantes, dos serviços e bancários)? O que absorvia da mídia (TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro/Editoria e Internet) de seu tempo? Como se relacionava dentro do lar? Pescava, caçava, como se divertia?

                            Enfim, cada um aborda o biografado (mais geralmente o ENEAGRAFADO) do seu modo, fazendo suas próprias regras. Embora fosse chato seguir uma cartilha, rendendo na estrita obediência seqüencial aborrecidíssimas contagens, é verdade que a Academia proporciona os trilhos que são os eixos do fazer. Primeiro estudar o mínimo para soltar-se para o máximo. O patamar de mínima qualificação antes dos altos vôos da liberdade. A respeitável ortodoxia antes da heterodoxia, não vá esta inventar o que já é velho.

                            Com tal lista muito extensa do modelo o (s) autor (es) terá (ao) uma quantidade de quesitos a investigar. Um amplo leque, para dizer logo. Uma tábua dessas forçaria o pesquisador a ir fundo, como mínimo para todos, os mais avantajados em teoria e prática introduzindo diversidade notável, mas pelo menos com um quadro de referência geral inicial aquém do qual ninguém estaria. Tal pré-requisito equivaleria a uma cientifização das contagens. O que preciso perguntar sobre a vida e a obra de fulano ou beltrano? Tanto no Paraguai quanto na Suécia teríamos uma lista mínima homogeneizante. Se as elaborações mais medíocres de pouco servissem enquanto inspiração, pelo menos teriam feito a pesquisa de base, servindo a outras elaborações mais ajuizadas e mais emocionantes.

                            Vitória, quinta-feira, 03 de julho de 2003.

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