Informação Imprecisa,
Raciocínio Errado.
No livro de Marcelo
Duarte, O Guia dos Curiosos, São
Paulo, Cia. das Letras, 1995, p. 397, ele diz: “8. Um cubo de gelo num copo com
água não irá aumentar o nível da água ao se derreter. O espaço que ele ocupa como gelo é o mesmo que ocupa quando se torna
líquido”, grifo e negrito meus.
Acontece justamente
que a água tem a extraordinária propriedade (muito importante para a vida tal
como a conhecemos) de AUMENTAR DE VOLUME quando começa a congelar (aos quatro
graus Celsius e não a zero grau – que é quando ela congela completamente). Ao
atingir os 4º C ela AUMENTA DE VOLUME (se uma garrafa de cerveja estiver
totalmente cheia, ela explodirá ao congelar), quando todas as demais
substâncias diminuem de volume com o decréscimo da temperatura. Isso permite
que ela não afunde na água, pelo contrário, bóie, fique na superfície, sem ir
para o fundo. Não fosse isso, como li primeiro em Asimov, os oceanos e toda
porção de água começaria a congelar de baixo para cima e nunca teria havido
essa vida que conhecemos.
Assim, um cubo de
gelo, água sólida, tem volume ligeiramente maior que volume igual de água
líquida. Daí, logicamente, devemos concluir que ao esquentar e passar novamente
ao estado líquido o gelo diminui de volume. É a lógica.
Em vista disso a
informação do Duarte está incorreta.
Depois, na página
seguinte, 398, ele afirma que “um ano tem 365 dias”. Ora, isso não é verdade,
como ele coloca logo em seguida: 1) o ano solar tem 365 dias, cinco horas, 48
minutos e 46 segundos; 2) o ano sideral tem 365 dias, seis horas, nove minutos
e dez segundos.
De modo algum é
verdadeiro que tenha precisamente 365 dias. Se fosse assim, para quê
acrescentar um dia a cada quatro anos? O ano solar tem, fiz as contas a partir
da informação dele, 365,24220 dias, sobrando a cada ano 0,24220 dia, que
multiplicado por 4 dá aquele ano sobrante (outras correções devem ser
introduzidas).
Depois, na p. 403,
ele assevera que “um grau de latitude equivale a 111 km”. Bom, o raio mais
aceito da Terra tem 6.372 km no equador, pelo quê a circunferência possui
40.036 km, para 360º (por definição), do que chegamos à conclusão numérica de
que 40.036 km/360º = 111,21 km por grau (e segue). A diferença em 360º é de 360
x 0,21 = 76 km. É pouco, mas não é nada.
Livros de divulgação
são isentos de precisão?
Creio que não, pois
se os não-leigos ou os leigos-informados são capazes de perceber, os leigos
desinformados ou as crianças em estágio de aprendizado terão uma compreensão
errada, como o título diz, a informação sem precisão levando a raciocínios
errados e daí à propagação do erro. Queremos isso, essa multiplicação dos
enganos?
De modo nenhum.
Então, é necessário
ser cuidadoso.
É porisso que os
pesquisadores dão seus livros aos colegas e os editores de revistas científicas
submetem os textos a três pesquisadores autônomos, para evitar publicação de
erros, dos clamorosos até os sutis.
Vitória,
quarta-feira, 10 de julho de 2002.
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