Conselho Estadual das
Escolas Superiores
De início no ES
havia somente a UFES, fundada no ano do meu nascimento, 1954, em 2004
completando 50 anos.
Depois foram
fundadas algumas faculdades em Colatina e em Cachoeiro de |Itapemirim, a seguir
apareceu a FAESA em Vitória, a UVV
(Universidade de Vila Velha, que dizem ter pertencido ao senador Eurico
Rezende, agora falecido, fazendo parte do espólio), a expansão da UFES para São
Mateus, faculdades em Linhares, Aracruz, Serra, Cariacica e até Afonso Cláudio,
sem falar nas expansões de todas as anteriores.
A FAESA, de
cubículos que tinha, cresceu a ponto de ter agora três campus. A UVV rivaliza
com a UFES. Surgiu a UNIVIX, do ex-reitor Rômulo Augusto Penina e sócios, em
Vitória.
Enfim, a coisa
cresceu tremendamente, e já existem dúzias de escolas, nos lugares mais
insuspeitos.
O Colégio Nacional
criou faculdades, o Salesiano foi pelo mesmo caminho, o Darwin se associou com
uma universidade de fora do estado, até José Teófilo de Oliveira, ex-secretário
de estado da Fazenda, cooptou faculdades de fora.
A educação dando
tanto lucro (na UNIVIX o curso de arquitetura custa 625 reais por mês. Sem
contar que pode haver financiamento do governo federal, não sei, é preciso
investigar, ninguém revela de boa vontade – nem as escolas particulares nem o
governo), não admira que as faculdades brotem como cogumelos depois da chuva em
pasto.
As pessoas
(indivíduos, famílias, grupos e empresas) querem fazer faculdade a qualquer
custo, para superacumular com a mais-valia, obtendo o direito de participar de
concursos vedados aos que não tenham curso “superior” (não passa de uma
tintura, tantas vezes), ou participando dos cargos de direção com uma
incompetência digna de pena, porém apoiada no tal “canudo”, o diploma enrolado
e guardado, símbolo de um povo escorado na burocracia improdutiva à portuguesa.
O
resultado palpável é que quase todos estão dispostos a pagar quase qualquer
coisa para ter o direito de sangrar o povo, de fazer parte da “bolha de cima”,
como diz José Monteiro Nunes Filho, nosso amigo. E tome pseudo-formações do
tipo pague-e-passe (a coisa é tão flagrante que em 2001 um analfabeto, levado a
isso pela Rede Globo, se inscreveu e passou numa faculdade do Rio de Janeiro,
levando à decisão do Ministro da Educação de FHC, Paulo Renato, de adotar uma
pré-seleção baseada em prova escrita, redação anterior às provas propriamente
ditas).
Durante anos as
faculdades de Colatina aceitaram (e ainda aceitam, creio) a ida dos alunos nos
finais de semana, de sexta à tarde a domingo de tarde, de todas as cidades das
redondezas. Foi assim que um dos meus irmãos se formou em direito lá.
Enfim, a situação é
bem triste.
Mas há males que vem
para bem.
A Austrália ter sido
fundada com gente degredada, assassinos e ladrões não impediu que 200 anos
depois ela tenha se tornado um grande país. As pessoas mudam, as pessoas mudam
rapidamente.
O futuro não vem só
do passado, a linha infinitesimal do presente vai modificando a herança.
Então, de um passado
bem ruinzinho de fato pode surgir um futuro grandioso. O pessimismo não é o
melhor conselheiro porisso mesmo, ele mira somente o passado, que é circular.
Pelo contrário, o
otimismo é o que permite enfrentar o futuro e planejar saídas, mergulhando no
desconhecido com calma e confiança em si e nos outros. Daí ser necessário criar
esse Conselho
Estadual das Escolas Superiores do ES, digamos CESES, de tal modo que
possa haver um planejamento DE CONJUNTO, unido, conjugado, pelos diretores de
faculdades e os reitores das universidades, levando em conta as necessidades e
promessas do Espírito Santo, povo e elites.
O que desejamos para
nosso futuro? Como o ensino superior pode nos ajudar? Como essas escolas podem
melhorar para atender nossas esperanças de melhoria? Há centenas de perguntas a
responder.
Vitória, domingo, 12
de maio de 2002.
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