Comodidades
No seu jeito
peculiar de escrever, Juan Enriquez, em O
Futuro e Você (como a genética está mudando sua vida, seu trabalho e seu
dinheiro), São Paulo, Negócio, 2002, diz na página 54: “O mercado mundial está
inundado de grãos, leite, aço, plástico, petróleo... De 1845 a 1998, o preço
básico das commodities flutuou de maneira significativa... Mas a tendência tem
sido inflexível. A média das commodities vale hoje 1/5 do que valia há um
século e meio”.
Ou seja, redução a
20 % em 150 anos.
Enquanto isso os
países do primeiro mundo vêm colonizando os demais com o poder da mente, da
inteligência, das patentes.
Por acaso estive
folheando o Atlas Geográfico
Melhoramentos, do Padre Geraldo José Pauwels, 53ª. Edição, São Paulo,
Melhoramentos, 1990. Veja que 1990 – 53 (supondo que foi uma edição por ano) =
1937. Isso era dito com satisfação, anteriormente, ao passo que agora vemos que
é uma aberração. É uma commoditie = comodidade, uma conveniência, um conforto
para quem produz, pois pouco é preciso modificar a cada ano. Entrementes o
mundo mudou muito em 53 anos e mais ainda de 1990 a 2002, mais 12 anos. Não vou
me admirar nada se a Melhoramentos estiver na 65ª. edição do Atlas.
De 1990 para frente
nos EUA e de 1995 para frente no Brasil entrou a Internet. Podemos encontrar
nela, agora, mapas excepcionais, fantásticos mesmo, sem falar no novo Atlas da
Microsoft, o Encarta eletrônico. E sem mencionar minhas propostas de
modificação, queira ver.
Mas, antigamente
alguém fazia uma coisa e ia repetindo indefinidamente, como os professores das
universidades federais, que trabalhavam para montar uma apostilha nos primeiros
dois anos e depois passavam mais 28 (aposentadoria aos 30 anos de serviço para
professores). Tudo mudou, mais recentemente, principalmente nas escolas
privadas, onde os salários são maiores e a competição é acirrada, levando ou
prometendo levar os alunos das escolas públicas (eles só não saem porque é de
graça e ainda têm alguns bons professores).
Isso levou ao
comodismo, ao excesso de comodidade, à superafirmação do conforto de viver dos
louros do passado.
Em conseqüência
disso, é lógico, o mundo decaiu notavelmente em muitas partes acomodadas do
planeta, inclusive no Brasil com cultura de fundo português.
O
resultado foi trágico para o aprendizado e para todas as áreas socioeconômicas,
com considerável atraso frente às congêneres do mundo inteiro, diante dos
competidores que não ficaram dormindo no ponto.
Quem ficou no
“feijão-com-arroz” de sempre perdeu. Quem só plantou café, sem melhorar as
estirpes, perdeu. Quem ficou colhendo cobre na Natureza, como o Chile, perdeu,
tendo que produzir cada vez mais por cada vez menos dinheiro. Quem acreditou no
conforto, quem desacreditou da competição como sustento do futuro, perdeu
muito, perdeu até tudo, como a URSS, que virou ex-URSS em favor dos predadores
que estão consumindo a CEI, Comunidade dos Estados Independentes, e todos os
países das redondezas, fora alguns que se lançaram à corrida.
Perdeu, está
perdendo, perderá.
Afinal de contas,
também na sócioeconomia existe a competição pela sobrevivência e a
sobrevivência dos mais aptos, dos menos acomodados, dos não ficam para sempre
deitados em berço esplêndido.
Vitória,
terça-feira, 30 de julho de 2002.
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