A Copa do
Nacionalismo
A Copa do Mundo
terminou hoje, 30 de junho de 2002, com a conquista da taça e do penta pelo
Brasil no jogo contra a Alemanha, 2 a 0. Um comentarista disse que essa copa
foi diferente de todas as outras, pois os brasileiros comemoraram (e ainda
estão e ainda vão comemorar) mais que em qualquer tempo antes.
Identificou a coisa,
mas não proporcionou explicação, que dou.
Como já disse, lá
por 1985 previ a vinda de uma onda de nacionalismo. Ora, a dialética diz isso:
havendo o contrário o contrário do contrário fatalmente aparecerá no tempo
próprio. Qual é o tempo certo? No modelo adiantei possibilidades, com base em
ciclos de 4 x 7 = 28 anos, mas agora acredito que o ciclo próprio da Terra é de
30 anos.
Por quê esta onda
veio agora e não antes ou depois?
A razão prende-se ao
trabalho iniciado por Fernando Henrique Cardoso como ministro de Itamar Franco,
vice de Collor que assumiu com o afastamento deste. Eleito presidente entrou em
primeiro de janeiro de 1995 e implantou as reformas de base que ninguém viu. É
claro que do outro lado desperdiçou os 80 bilhões de dólares da privatização e
fez a dívida interna prosperar de US$ 17 bilhões até (780 bilhões de reais
divididos por 2,90 reais por dólar =) 270 US$ bilhões, 16/1 em apenas 7,5 anos,
e outras porcarias. Entrementes a inflação teve fim, o FGTS está sendo pago,
várias coisas boas.
Acontece que em seu
governo pela primeira vez foi preso um juiz (o Lalau) vários senadores foram
afastados depois de 150 anos sem que um só tivesse sido destronado.
De forma que,
juntando tudo, o povo passou a ter uma nova perspectiva do futuro, depois de
500 anos de opressão e de várias décadas de inflação galopante e
desconsideração proporcional das elites.
No geral FHC foi
mais positivo que negativo e a população sentiu isso. Se segue que naturalmente
foi disparado o autoapreço. Sendo assim povo e elites passaram a se ver com
outros olhos. Então a onda de nacionalismo chegou e a Copa de 2002 foi um sinal
inequívoco dela, daí eu ter colocado o título. Sem dúvida alguma o Brasil terá
cada vez mais intensamente brio e dignidade, com a evidenciação da satisfação
de ser brasileiro. É fatal e é até muito bem-vindo, porque isso ajudará toda a
América do Sul, toda a América Latina, todo o mundo latino, todo o terceiro
mundo – tornando-se o Brasil um guia da renovação.
O cara lá
identificou certo e não soube interpretar.
Contudo, é isso, e
disso podemos esperar grandes coisas.
Vitória, domingo, 30
de junho de 2002.
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