Vagas Limitadas
Como eu já disse em
relação a outras obviedades e redundâncias, o povo está sempre indicando alguma
coisa. Neste caso é mais grave e mostra que é preciso agir em grande circuito,
nacional, de modo a apurar os anúncios, o uso da lógica.
Não
há jeito de oferecer VAGAS ILIMITADAS, quer dizer, infinitas, não-finitas, por
não há classes infinitas na realidade, fora da Matemática, onde são objeto de
estudo na Teoria dos Conjuntos, de Cantor. Vagas SÃO SEMPRE limitadas, pois
naturalmente devemos pensar que qualquer conjunto real seja limitado, até
porque não há sistema de som, por exemplo, por maior e mais eficiente que fosse,
que servisse a uma classe ilimitada de alunos de cursinho – até os cursinhos
têm limites para a quantidade de gente que colocam nas salas de aula.
POR DEFINIÇÃO vagas
são sempre limitadas. Deveriam dizer número pequeno de vagas, ou número
reduzido de vagas, ou qualquer coisa assim.
Então, ao anunciar
“vagas limitadas”, não existindo o oposto, não se trata de redundância, sobreafirmação
perante a descrença, como nos outros casos que investiguei, e sim de
falsificação lógica – é denúncia de debilidade mental, proclamação taxativa de
que há na civilização brasileira descaso com a construção lógica de sentenças.
Indica notável desmazelo, descuido com o apuro lógico mínimo.
Isso deve ser
exposto, digamos pela Rede Globo e o Canal Futura, de modo que as pessoas
possam demorar-se mais na construção de frases, prestando mais atenção na
relação dialética com o mundo, enfim, que possam ter mais elegância dialógica
no diálogo com o universo.
Vitória,
sexta-feira, 04 de abril de 2003.
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