domingo, 12 de fevereiro de 2017


Vagas Limitadas

 

                            Como eu já disse em relação a outras obviedades e redundâncias, o povo está sempre indicando alguma coisa. Neste caso é mais grave e mostra que é preciso agir em grande circuito, nacional, de modo a apurar os anúncios, o uso da lógica.

                            Não há jeito de oferecer VAGAS ILIMITADAS, quer dizer, infinitas, não-finitas, por não há classes infinitas na realidade, fora da Matemática, onde são objeto de estudo na Teoria dos Conjuntos, de Cantor. Vagas SÃO SEMPRE limitadas, pois naturalmente devemos pensar que qualquer conjunto real seja limitado, até porque não há sistema de som, por exemplo, por maior e mais eficiente que fosse, que servisse a uma classe ilimitada de alunos de cursinho – até os cursinhos têm limites para a quantidade de gente que colocam nas salas de aula.

                            POR DEFINIÇÃO vagas são sempre limitadas. Deveriam dizer número pequeno de vagas, ou número reduzido de vagas, ou qualquer coisa assim.

                            Então, ao anunciar “vagas limitadas”, não existindo o oposto, não se trata de redundância, sobreafirmação perante a descrença, como nos outros casos que investiguei, e sim de falsificação lógica – é denúncia de debilidade mental, proclamação taxativa de que há na civilização brasileira descaso com a construção lógica de sentenças. Indica notável desmazelo, descuido com o apuro lógico mínimo.

                            Isso deve ser exposto, digamos pela Rede Globo e o Canal Futura, de modo que as pessoas possam demorar-se mais na construção de frases, prestando mais atenção na relação dialética com o mundo, enfim, que possam ter mais elegância dialógica no diálogo com o universo.

                            Vitória, sexta-feira, 04 de abril de 2003.

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