domingo, 12 de fevereiro de 2017


Uma Proposta de Construção

 

                            Depois que nosso salário começou a subir em 1995 e antes que todos houvessem se acostumado com o novo patamar de gastos e permissões, comuniquei a nosso amigo PFR e ao Sindifiscal o que era a antecessora desta idéia mais definida.

                            Como exemplo, imagine um terreno de mil metros quadrados de área construída, em cima dando três (porque somos minha filha Clara, meu filho Gabriel e eu – você pode escolher seu número) apartamentos de área totalmente aproveitada em cima, com um sendo cobertura, e “n” deles em baixo, digamos 10 de 100 m2, área bastante razoável em Jardim da Penha, onde em geral eles têm 70 m2.

                            Se ainda está valendo o dado que tenho em mente de 400 reais por metro quadrado, os três de cima ficariam por 400 mil x 3 = 1.200 mil, ao passo que três de baixo também, somando 2.400 mil, divididos pelos 3 x 10 = 30 apartamentos de baixo, 2.400/30 = 80 mil cada, um preço bastante “salgado” para os médios-baixos, pobres que querem se dizer classe média (são, mas baixa). Se os de baixo forem seis andares x 10 = 60 apartamentos, o total rateado seria de 3.600 mil divididos por 60 no máximo 60 mil, mais confortável. Se forem 12 andares, 12 x 100 x 400 = 4,8 milhões, mais 1,2 milhão de cima 6,0 milhões no total, divididos por 120 = 50 mil cada, ainda mais fácil de financiar.

                            A REGRA                       

APARTAMENTOS
M2
TOTAL DE
APARTAMENTOS
VALOR COLETIVO
(Milhares de reais)
CUSTO INDIVIDUAL
(Idem)
De cima (3)
1000
3
1.200
1.200
De baixo (3)
100
+ 3 X 10 = 30
+ 1.200=2.400
80
De baixo (6)
100
+ 6 X 10 = 60
+ 2.400=3.600
60
De baixo (12)
100
+ 12 X 10 = 120
+ 4.800=6.000
50
De baixo (24)
100
+ 24 X 10 = 240
+ 9.600=10.800
45

                            Veja que o ganho de escala vai reduzindo de 80 para 60 (20 mil, 25 % a menos), de 60 para 50 (10 mil, mais 1/6 ou 16 % a menos), de 50 para 45 (5 mil, 1/10, apenas 10 % a menos), mas o número de andares vai subindo de 6 para 9, 15, 27, tornando-se prédios progressivamente mais caros, de modo que a solução ótima parece estar entre 6 e 9, mais próxima de seis.

                            Além disso, seria preciso ter elevadores separados apenas no sentido de conservar a privacidade, sem ser antipático, o que seria péssimo para os negócios, bem como área independente de família, sem ser segregacionista, no entanto compartilhando tudo que for compartilhável, como verdadeiros vizinhos.

                            De preferência ter isso que chamei de resort no campo, um prédio retirado da área urbana, com todos os privilégios de segurança, com área enorme de vida coletiva para as crianças e adultos, com câmaras de segurança, com piscinas, com Internet de banda larga 24 horas, com churrasqueiras e clube social, com lavanderias, com oficinas, com lavadores de carros, com uma série de serviços, mais uma mata toda especial, natural ou recomposta, até com lago. O que se ganharia em preço de terreno seria empregado nisso.

                            Evidentemente as pessoas já constroem há muito tempo o seu à custa de outros (meu pensamento é que é de agora, neste caso), que pagam o preço do capital financiando o que está acima. Seria preciso o capitalista ter 2,4 milhões na opção de seis andares, para empregar logo e ir recuperando aos poucos na venda dos 30 apartamentos, cada um a 80 mil. Capacidade de bancar é claro, não é para qualquer um.

                            O que se obteria seriam três superapartamentos de mil metros quadrados cada, sendo uma supercobertura magnífica, “de graça”, apenas tendo capacidade empreendedora. Uma vez tendo começado não pararia nunca mais, acumulando para toda a superfamília (filhos, netos, bisnetos, o que fosse) ou para vender e fazer mais dinheiro, apenas tendo que se organizar para construir.

                            Uma nova modalidade de construção no campo, supostamente uma coletividade feliz, protegida pelo superpoder acima posto, vantagens inegáveis para os compradores. Se será uma troca justa só o futuro dirá.

                            Vitória, domingo, 06 de abril de 2003.

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