Solaris
Solaris, livro de Stanislaw Lem, é de 1961, tendo sido publicado no
Brasil em 1984 pela Francisco Alves, Rio de Janeiro. Está sendo lançado o filme
de mesmo nome com o Clooney, ator de ER que migrou para o cinema e é de fato
muito bom.
Segundo ouvi
preliminarmente o filme não foi muito bem aceito pelos comentaristas que o
viram em primeira mão, antes do público.
Para resumir a
estória se passa num planeta vivo, Solaris, que é encontrado pelos humanos, que
iniciam a colonização. Pessoas que não poderiam estar ali aparecem à primeira
tripulação e ela começa a enlouquecer, motivo da ida da segunda, até onde posso
lembrar, pois não reli tudo, só comecei.
Creio que as pessoas
não entenderam o espírito da coisa.
Devemos pensar o que
seria uma consciência do tamanho de um mundo inteiro! Essa hipótese foi posta
muito antes da chamada Hipótese Gaia, que apregoa ser a Terra um organismo
consciente. Na ficção Solaris tem bilhões de anos, veja só, e então das
profundezas do espaço, do fundo dos éons aparecem umas criaturinhas engraçadas
que tem vestígios de consciência verdadeira, ao modo de pensar de Solaris. São
simplórias, mas é possível brincar com elas, satisfazendo seus desejos,
inclusive recriando as pessoas que elas amam, suas esposas mortas e seus filhos
que estão longe, seus avós e seus cachorros, todas as criaturas que estão em
suas diminutas memórias.
Ora, Solaris fica
fascinado. Não percebe que está ferindo as criaturinhas, que elas se dissolvem,
que sofrem, que piram de vez. Só quer ajudar, quer companhia, depois dos
bilhões de anos de solidão, deseja conversar, bater papo. Não cresceu, como na
Terra, em organismos separados, lá as criaturas se fundiram numa só, vasta e
incompreensível de fora. Mas, pobrezinhos dos seres, eles são tão fraquinhos!
Imagine Deus, eterno
e imortal, vivendo para sempre em solidão – o que Deus faz? Ele cria o universo
em que estamos, só para ter com quem falar, mesmo se são criaturas que
desaparecem num sopro, num piscar de olhos, mesmo se é preciso olhar com tanta
atenção, segundo a segundo.
É o que Lem está
perguntando: como seria a eternidade? Como seria a imortalidade? Como seria a
onisciência? Não são perguntas triviais e estão há 42 anos sem respostas, desde
quando ele as fez, de outra maneira. E vão continuar assim, a depender das
críticas dos jornalistas.
Vitória,
segunda-feira, 03 de março de 2003.
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