domingo, 12 de fevereiro de 2017


Sacerdote, Rei, Magistrado

 

                            No livro da série Antologia de Vidas Célebres (Hermes, Orfeu, Teseu, Rômulo), São Paulo, Logos, 1960, o autor diz, p. 31, falando da época mítica de Hermes, lá por três mil antes de Cristo: “tipifica, por assim dizer, uma época em que o sacerdócio, a magistratura e a realeza se encontravam reunidos num só corpo governante”.

Acontece que pela Rede Cognata sacerdote = POLÍTICO = SUJEIRA = PIRÂMIDE = HORIZONTE = PLANETA = PADRE, etc., uma profusão de cognatos, não sei por que.

UM QUADRO COMPARATIVO

ANTIGAMENTE
(Ofício/agentes)
CONTEMPORANEAMENTE
(Poder/mandatário)
Sacerdócio/sacerdotes
Legislativo/político
Magistratura/juízes
Judiciário/juiz
Realeza/reis
Executivo/governante

Como você pode ver, mudaram apenas os nomes, continua em cena a mesma peça que nos pregam, ou em que nos pregam na cruz. O que o Iluminismo fez foi tornar os poderes manifestos e “independentes” entre si, ou seja, aconselhou-os a camuflar a dependência e os favores mútuos. Não é engraçado, isso? Se não fosse a RC eu nunca teria reparado.

Os escribas, que aí não constam, são os intelectuais de agora, faltando também os militares, havendo quatro classes no modelo (operários, intelectuais, financistas, militares), com um centro burocrático. No caso do Estado, antigamente como agora, esse trio de sacertodes/magistrados/reis e de políticos/juizes/governantes constitui a burocracia, enquanto por fora os escritas ou intelectuais estão encostadinhos por sua utilidade no trato da língua e da cultura, os guerreiros ou militares estão pegadinhos por sua competência com a administração da morte aos inimigos do regime, os acumuladores ou financistas por sua aptidão em lidar com a extração de trabalho alheio, sobrando os operários, que antes como agora estão destinados a erguer as montanhas de pedra.

Ai, ai, muda, muda e não muda nada.

Vitória, domingo, 06 de abril de 2003.

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