quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017


Renúncia à Sabedoria

 

                            Numa reportagem do Globo Ecologia na manhã de sábado, 22.03.2003 um rapaz entrevistado na Amazônica, em particular no Amazonas, talvez biólogo, disse que os pescadores na região na época do “defeso” do peixe quando perguntados porque não devem pescar o Pirarucu de menos de 1,5 m respondem que é porque “é proibido”, não conhecendo as causas.

                            Essa é a distância entre a democracia e a autonomia, e a ditadura e a renúncia à liberdade.

                            Será porque se situa em lugar remoto, onde o rio Amazonas ainda é Solimões, lá na cidade ribeirinha de Tabatinga, extremo oeste do Brasil?

                            Compreendi no modelo que não, há sempre 2,5 % de superzelosos da liberdade, 47, % que a apreciam, 47,5 % que não dão bola e 2,5 % que só ficarão felizes subjugados. A disputa é 50/50 num ciclo de soma zero e em algum tempo a ditadura voltará para infernizar as vidas dos livres. Porisso que realmente o preço da liberdade é a eterna vigilância; porém, quanto mais se tenta mantê-la mais migramos para o outro lado. Claro, vamos permanecer em luta, independentemente de qualquer resposta, mas será assim: no mundo, contando os livres e os prisioneiros, creio que os números de países, de gentes, de quaisquer conjuntos de uns e outros serão aproximadamente iguais, como o de homens e o de mulheres.

                            Uns renunciarão à liberdade, enquanto outros renunciarão à sabedoria. Como são componentes de pares polares opostos/complementares diferentes, haverá os sábios que renunciarão à liberdade. Tomando como exemplo os EUA, que se autoproclamam “terra dos livres”, serão um dia prisioneiros - e quanto mais eles mergulharem nas trevas da prisão mais falarão de sua liberdade desaparecida.

                            Estranho mundo, mas agora facilmente compreensível.

                            Vitória, sábado, 22 de março de 2003.

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