Programa de
Milhoramento do Café
Indo de Vitória a
Pequiá, divisa com Minas Gerais, onde fica o posto fiscal Zito Pinel, município
de Iúna, a condução que nos leva passa em Venda Nova dos Imigrantes, ou só Venda
Nova, ES, onde de certa rádio da região ouvi o que seria um agrônomo dando bons
conselhos aos agricultores locais.
Papo vai, papo vem,
café duro para lá, café mole para cá, ele falou dos bons pós de café de lá,
cujos preços já atingiram mil e setecentos reais por saca, quando o natural é
apenas cento e cinqüenta. Mercê de tratamentos rigorosos os bons preços vêm
sendo conseguidos.
Aí ele ingressou no
chamado “milhoramento do café”.
Não é melhoramento,
não, é “milhoramento”, pois se trata da introdução de milho. Eu já sabia que
colocam de tudo (folhas, galhos da planta, terra, insetos, milho, o escambau),
faz tempo, no café do povo. Meu avô materno, Benevenuto Perim, produzia conilon
em Burarama, distrito de Cachoeiro do Itapemirim, que vendia, comprando para a
família o arábica, de melhor sabor (ou vice-versa, não sei, só entendo de tomar
café). Como dizem os espertinhos, “quem parte e reparte e não fica com a melhor
parte, ou é bobo ou não entende da arte”. Os das elites são mais apurados e
mais caros. Agora vem com selo da associação lá deles, é toda uma geo-história
fantástica.
Acontece que, depois
de ter ouvido falar do “programa de milhoramento do café”, passei a prestar
atenção nas dezenas e dezenas de carretas de milho que passam no PF,
supostamente trazendo-o para servir como ração a galinhas e a porcos da região
serrana. Seria o caso de investigar se há tantas granjas e pocilgas, ou se é meramente
o caso de enriquecimento mais que ilícito, desavergonhado aos extremos, dos adeptos
do PMC.
Ai, Deus! Como são
as coisas no Brasil.
Vitória,
terça-feira, 18 de março de 2003.
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