Pensimaginação Mestiça
No Brasil estão
representadas as quatro raças, os negros-africanos (puros 6 %), os
brancos-europeus (nos quais se declaram mestiços, 50 %), os amarelos-asiáticos
(1,5 milhão de descendentes de japoneses) e os vermelhos-americanos (300 mil
índios) em 175 milhões de brasileiros, sendo os restantes 44 % de mestiços.
É claro que isso
coloca dentro do Brasil a América que já estava, a África que foi forçada a
vir, a Europa que veio por vontade própria e a Ásia que veio de moto próprio,
tangida pela suposta superpopulação, em conjunto isso se tornando uma
oportunidade, como já disse tantas vezes, depois da CRISE DE FUSÃO, digamos
assim.
Os obstáculos a
ultrapassar antes que as fusões se dêem são numerosíssimos. Elas devem ser:
·
De
índios e brancos
·
De
índios e negros
·
De
índios e amarelos
·
De
negros e brancos
·
De
negros e amarelos
·
De
brancos e amarelos
Tudo isso pressupõe tolerância mútua,
APRENDIZADO DO OUTRO (aprendizado Psicológico: aprendizado das figuras ou
psicanálises, aprendizado dos objetivos ou psico-sínteses, aprendizado das
produções ou economias, aprendizado das organizações ou sociologias,
aprendizado dos espaçotempos ou geo-histórias), respeito e auto-respeito,
aceitação da dignidade própria de ser, de ter e de estar dos outros modos de
ver e proceder, como portugueses e espanhóis fizeram, os primeiros mais que os
últimos, quando das invasões árabes, resultando em mecanismos de fusão que operaram
por sete séculos ou mais, pelos quais Portugal e Espanha passaram desde a
invasão muçulmana a partir de 711, quando Roderigo, o último rei visigodo, é
derrotado pelos mouros. A Espanha só foi libertada em 1492 (1492 – 711 = 781
anos depois), coincidindo com a descoberta da América por Colombo. Portugal
libertou-se antes, com a fundação no antigo Condado Portucalense: a tomada de
Coimbra por Fernando de Castela se deu em 1064; seu filho Afonso VI fez de
Henrique de Borgonha conde de Coimbra; o filho de Henrique intitula-se rei em
1139 e conquista Lisboa com o auxílio de cruzados em 1147, nos informa o
Almanaque Abril 2002, dando-se a expulsão dos mouros em 1249 (1249 – 711 =
538), com cinco séculos de processamento da fusão entre árabes e europeus,
vindo dar no povo português. Em 1385 sobe ao trono João I, inaugurando com a
dinastia de Avis o futuro solo português.
Embora com menos tempo (quase oito
séculos na Espanha, comparados com pouco mais de cinco em Portugal – 781 – 538
= 243 anos de diferença de domínios), Portugal avançou mais composição.
Ainda que não tenha se dado essa união
com os árabes nos outros países, antes deles chegarem aconteceram outras sínteses,
dos bárbaros com os romanos (Roma já era resultado de várias convergências por
guerra e conquista dos inúmeros povos itálicos) e de várias tribos bárbaras
entre si por toda a Europa, inclusive Portugal e Espanha. E, antes ainda dos
que chegavam das estepes, com os autóctones. Mais primitivamente (imagino,
embora os cientistas não afirmem) dos neanderthais com os sapiens recém
surgidos.
E assim por diante, toda a
geo-história humana é a de sucessivas fusões, sempre e por toda parte. Agora
está se processando mais uma no Brasil. Como eu já disse, o ser humano é
resistência e futuro, no final de tudo resistência, e no caso FUSÃO DE
RESISTÊNCIAS, dando ao novo ser mestiço as resistências acumuladas por cada
subgrupo em seu trânsito.
FUSÃO DE PENSAMENTOS e FUSÃO DE
IMAGINAÇÕES, tanto do raciocínio quanto do sentimento de quatro raças
diferentes, com tudo o que isso virá a significar em termos de uma qualidade
superior. Está certo que os mestiços brasileiros ainda não se têm em grande
conta, porque se vêem como diminuição de cada subgrupo, de tanto lhes incutirem
isso, o que está totalmente errado. Fusões de formas e fusões de estruturas, de
exteriores e interiores, de imagens e de conceitos.
Se tivermos quatro raças (A, B, C e
D), teremos junções AB, AC, AD, BC, BD e CD, seis, mais os inversos, BA, CA,
DA, CB, DB e DC, pois há dominância do primeiro, como no caso em que há 15/16
avos de genética negra e 1/16 avos de branca, ou qualquer composição. Inúmeras
oportunidades de observar o universo surgirão, numa variedade DE OPÇÕES DE
OBJETOS E DE SUBJETIVIDADES, de coisas e de modos de ver. Uma riqueza muito
maior, muito mais significativa, um leque incomparavelmente mais amplo de tons
das cores. Em vez de quatro, até centenas de modos de olhar, investigando muito
mais, em vasto tanque de oportunidades.
Vê? Onde parecia
haver problema há agora solução.
É questão de mudar o
eixo da visão.
Vitória,
sexta-feira, 04 de abril de 2003.
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