terça-feira, 14 de fevereiro de 2017


Os Árabes Eram Alegres

 

                            Devido ao conjunto de contos denominados Mil e Uma Noites a idéia que eu fazia dos árabes na infância era de liberalidade, munificência (não conhecida a palavra, claro), de esplendor, magnificência, e de abastança, riqueza inconcebível, de povo feliz, de elites sábias – enfim, de um mundo para onde gostaríamos de ir.

                            Para começar o título não é àtoa: Sherazade, durante mil e uma noites, expõe as lendas árabes e muçulmanas em geral, deixando sempre a continuação para o dia seguinte, para que o califa não a mande matar, como fazia com as esposas anteriores; no dia seguinte ela termina a anterior e começa outra, que deixa sempre pela metade, e assim por diante.

                            São contos que falam da suntuosidade dos califas e sultões e das civilizações de que eram os centros.

                            Eram mágicos aqueles contos e eu cresci com a idéia de Magia verdadeira impregnando minha alma, o que me tornou feliz, pelo que sou grato ÀQUELES ÁRABES d’antanho, que conseguiram nos encantar (espero ver os contos refilmados e outros novos expostos e publicados) e deixar uma porta pequenina de escape no castelo humano das perversidades e maldades que presenciamos depois. Aqueles contos me inspiraram, entre outras esperanças, a ser ou tentar ser bom e generoso com todos e cada um (o que me valeu muito, quando fui atingido pela fúria dos perversos e dos maus).

                            Agora, com o que deparamos?

                            As elites sangram impiedosamente os povos das nações árabes, apoiadas na submissão (islã) deles, sua fé incondicional e muito bela em Alá e seu profeta, Maomé. Como no cristianismo, contando de 33, quando supostamente Cristo morreu, até 1456, Queda de Constantinopla, são 1.423 anos, se somarmos esse valor ao ano da fuga de Maomé de Meca para Medina em 622 teremos 2045, e com tal providência veremos que os árabes estão no equivalente a pouco antes do Renascimento europeu, o equivalente a todo aquele banditismo desenfreado com o povo, a venda de lotes no Céu, toda aquela palhaçada, aquele escândalo espantoso, merecendo uma Reforma árabe. Ditaduras por toda parte, desconsideração pelo sofrimento popular, enriquecimento “lícito” e ilícito, esnobismo, crueldade, assassinatos, perversidade desenfreada, guerras sem motivo, coisa lamentável.

                            Onde estão aqueles árabes alegres e risonhos da minha infância? A riqueza do petróleo e do gás os adoeceu. O que deveria ter sido bom, o que deveria ter permitido melhorar fantasticamente a vida do povo foi dilapidado por um monte de príncipes idiotas e abusivos, dignos de pena, aptos a serem trucidados quando da revolta popular.

                            Com a dádiva de Alá fizeram por orgulho o inferno na Terra. Atrasaram todo o projeto décadas, até séculos, os cretinos.

                            Para recuperar a receita é esta:

1.       Abrandamento religioso, fixação na bondade transmitida por Gabriel;

2.      Recuperação da alegria de viver característica dos povos do deserto, a partir do fundo cultural de lendas, mitos e mistérios;

3.      Reavivamento religioso em mosteiros e retiros, com milhares, senão milhões, retirando-se da vida mundana para raciocinar e sentir como purificar o povo islamita todo;

4.     Castigo irreprimível das elites;

5.      Jihad interna de purificação EM TODO O MUNDO muçulmano, árabe ou não, em todo o planeta; fim da jihad externa;

6.     Destruição incontornável de toda ditadura - seja sunita seja xiita;

7.      Uso dos instrumentos ocidentais para fazer avançar os povos árabes, gerando aquele Renascimento Pan-Árabe que está sendo esperado como fomento da expansão humana, inclusive com auxílio dos simpatizantes ocidentais, sem fechar a sócioeconomia muçulmana mundial.

Que perdas aqueles bobocas causaram!

Não fosse o fato de o plano ser muito mais amplo daria até para ficar acabrunhado. Que gente besta, sô!

Vitória, sábado, 19 de abril de 2003.

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