domingo, 12 de fevereiro de 2017


O Negativo do Estado

 

                            A gente só vê o Estado (mundo, nações, estados, municípios/cidades) em positivo, pelos efeitos benéficos em nossas vidas, até porque os governantes do Executivo, os políticos do Legislativo e os juizes do Judiciário só fazem propaganda do que dá certo. Quase ninguém tem a hombridade de propagar os seus erros, o que é um erro a mais.

                            Qual é o passivo do Estado?

                            Qual é a banda podre da maçã, que estamos comprando no mercado da existência sofrida como povo e como elites, como povelite/nação?

                            Não há ainda ninguém que nos tenha oferecida os dois lados da moeda, tanto as gratidões quanto as podridões. Do lado dos agradecimentos estão as pontes, as escolas e o aprendizado, os hospitais, o atendimento burocrático para esta ou aquela coisa, os produtos das empresas estatais, o lado bom dos bancos do Estado, etc. E do lado ruim? Os desvios de verbas, as obras sem continuidade, as máquinas compradas que estragaram nos pátios, ainda que a Globo mostre parte disso, seguida das demais televisões. Mas não há um trabalho continuado, exaustivo, minucioso, exigente de apurar até o último tostão, vendo nos Tribunais de Contas (da União e dos estados), que alguns chamam de “tribunais de faz-de-conta”, o que, julgado pronto, está até hoje metade ou um quinto ou um décimo apenas feito.

                            A Academia, deitada em berço esplêndido, cuidando de publicar os “papers” ou artigos exigidos como média, não se dá conta de suas tarefas. O conjunto dos reitores, fiel à fonte de renda, não se reúne para nenhuma obra meritória.

                            E assim vamos passando sem ver os negativos das fotografias do Estado, cujas lideranças fazem questão de revelar das fotos só aquilo que desejam mostrar. Aquilo que foi perdido, que foi mal-calculado, que escureceu por falta de iluminação fica jogado num canto qualquer do esquecimento.

                            Vitória, sábado, 19 de abril de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário