O Negativo do Estado
A gente só vê o
Estado (mundo, nações, estados, municípios/cidades) em positivo, pelos efeitos
benéficos em nossas vidas, até porque os governantes do Executivo, os políticos
do Legislativo e os juizes do Judiciário só fazem propaganda do que dá certo. Quase
ninguém tem a hombridade de propagar os seus erros, o que é um erro a mais.
Qual é o passivo do
Estado?
Qual é a banda podre
da maçã, que estamos comprando no mercado da existência sofrida como povo e
como elites, como povelite/nação?
Não há ainda ninguém
que nos tenha oferecida os dois lados da moeda, tanto as gratidões quanto as
podridões. Do lado dos agradecimentos estão as pontes, as escolas e o
aprendizado, os hospitais, o atendimento burocrático para esta ou aquela coisa,
os produtos das empresas estatais, o lado bom dos bancos do Estado, etc. E do
lado ruim? Os desvios de verbas, as obras sem continuidade, as máquinas
compradas que estragaram nos pátios, ainda que a Globo mostre parte disso,
seguida das demais televisões. Mas não há um trabalho continuado, exaustivo,
minucioso, exigente de apurar até o último tostão, vendo nos Tribunais de
Contas (da União e dos estados), que alguns chamam de “tribunais de
faz-de-conta”, o que, julgado pronto, está até hoje metade ou um quinto ou um
décimo apenas feito.
A Academia, deitada
em berço esplêndido, cuidando de publicar os “papers” ou artigos exigidos como
média, não se dá conta de suas tarefas. O conjunto dos reitores, fiel à fonte
de renda, não se reúne para nenhuma obra meritória.
E assim vamos
passando sem ver os negativos das fotografias do Estado, cujas lideranças fazem
questão de revelar das fotos só aquilo que desejam mostrar. Aquilo que foi
perdido, que foi mal-calculado, que escureceu por falta de iluminação fica jogado
num canto qualquer do esquecimento.
Vitória, sábado, 19
de abril de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário