O Nascimento do
Ocidente
No mesmo livro V de
Reale, p. 14, está escrito:
“As características
fundamentais do movimento alexandrino foram: a) fusão do misticismo típico do Oriente com a
filosofia grega; b) disponibilidade notável às solicitações espirituais
provenientes dos ambientes mais heterogêneos; c) notável impulso dado ao
desenvolvimento autônomo das ciências particulares”, colorido e negrito meus.
Como vimos, a
Biblioteca de Alexandria durou 900 anos (de 290 a.C. até 640 d.C., quando foi
definitivamente destruída), tendo influenciado extensamente todo o mundo
antigo. Era onde se pensava mais a fundo, uma verdadeira universidade na
Antiguidade, a primeira e única até então. Passou o conhecimento aos árabes e à
Europa, quando deu, para onde ele retornou depois de 1453. Os árabes nada
fizeram de novo nesse setor, até porque era proibido pensar. Os poucos que se
aventuraram repetiram os gregos, de onde deve ter partido quase tudo, inclusive
o ábaco que depois foi para o Oriente, Japão particularmente.
Mais importante de
tudo foi Filo de Alexandria ou Fílon, o Judeu (c. 13 a.C a 54 d.C.), que
promoveu (como veremos em artigo próprio) a reunião do sentimento judeu com o
pensamento grego, antecipando a produção do cristianismo, sendo contemporâneo
de Cristo.
Constantinopla foi o
roteador, a rótula em torno de que todo o pensamento pré-cristão girava.
Se ali as emoções
judaicas longamente destiladas se uniram à razão grega, foi ali que o Ocidente
nasceu, cresceu e se implantou, e é a Alexandria que devemos uma grande parte
disso que, pelas mãos de Jesus, e através da Igreja, se tornou a base de todos
os nossos valores e da vitória esmagadora do Ocidente, por enquanto.
Então, Alexandria
deveria ser uma espécie de ícone, tão ou mais venerado que a Grécia e Roma,
porque as bases do pensamento ocidental foram assentadas lá, fazendo-me crer
que deveria haver um Prêmio Alexandrino
de Conhecimento (geral e particular), dado anualmente aos pesquisadores de
todas as áreas (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática) e suas frações. Não compreendo como Alexandria (e
Constantinopla, entre outras importantes cidades, como Persépolis, Ctesifonte e
tantas outras) foi esquecida (foram), durante tão largo tempo. É assombroso que
não se cultive a memória dos homens e mulheres que fizeram aquelas cidades que
foram, em todos os continentes, a base de tantas alegrias humanas.
Vitória, domingo, 27
de abril de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário