O Alimento das Mulheres

 

                            No modelo da caverna há um núcleo, onde ficam as mulheres, as meninas e os meninos, estes até os 13 anos, ou o que for, um círculo em volta do ponto central, ao passo que os homens seguem flechas que vão e vem, buscando e trazendo maciçamente proteína animal.

                            A menos que cacem animais pequenos (e eles logo rarearão rapidamente; mas isso nos diz que todas as armadilhas para animais pequenos foram inicialmente inventadas por mulheres), não haverá doses cavalares de proteína de rápida resposta. Elas devem prover de outra fonte. Olhemos em volta: brotos, raízes, animais pequenos, aves abatidas com pedras, ovos delas, répteis e seus ovos (inclusive as cobras e seus ovos), talos, espigas, vagens, tubérculos, frutas, flores, peixes de lagos próximos, tudo que for coletável nas redondezas. A caverna é o lugar de proteção, não é possível mover grandes contingentes até que os animais estejam domesticados, e eles só o foram “recentemente”, em termos paleontológicos, coisa de 10 mil anos ou menos, enquanto a EVA MITOCONDRIAL e o ADÃO Y surgiram em locais e tempos próximos há uns 200 mil anos. Tendo que cuidar de meninos e meninas, mais as velhas e os doentes, não dá para ir muito longe.

                            Assim sendo, o corpo feminino é contramoldado desse ambiente, ou seja, ele não está apto a carne gordurosa – será um coração frágil, para tal. É voltado para fibras, açúcares, frutas, polpas. Se for assim, serão encontrados rastros em todos os órgãos desse modo de vida – o que não só nos dará certeza do modelo como também DUAS MEDICINAS, uma masculina e uma feminina. Na realidade, várias, pois há os biótipos de cada lado. E, SE FOR VERDADEIRO, acontece de lá pelos 13 anos os meninos transformarem-se em homens e seus corpos deverem mudar de femininos para masculinos, inclusive os órgãos, o que quer dizer verdadeira metamorfose de borboleta – largar a pele antiga e adquirir uma nova, tremendo sacrifício da adolescência.

                            Vitória, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003.