sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017


Menino Mágico

 

                            Ao contrário do espalhafatoso Harry Potter, algo muito mais leve e sutil, mostrando um garoto que depara com poderes desde cedo e vai mudando a realidade, estando colocado no vértice de um cone, as conseqüências espalhando-se à sua volta. Um ato dele desencadeia uma quantidade enorme de mudanças – nada é impune. Ele procura um amigo, que está modificado porque o pequeno mago fez tal ou qual ato de magia.

                            Evidentemente o que parecia uma benção logo parece uma armadilha, um castigo inominável, pois pai e mãe, irmãos e irmãs, primos e primas, amigos, parentes, lugares, todos sofrem modificações. Daí ele deve ter um duplo aprendizado, que é muito mais penoso. Isso mostraria que as capacidades mágicas, supostamente muito boas, e todo poder, na realidade implicam transformações tanto boas quanto ruins. A muito custo é que ele aprende a dominar suas ânsias e só com o envelhecimento vai ter completo controle das alterações.

                            Daí, como a feiticeira descrita em A Bruxa, neste Livro 24, deve estudar, adolescer, casar, ter filhos, pagar as prestações, ter decepções, viajar – mas, no meio disso tudo, aprender a fazer mágicas reais, começando com pequeninas coisas, manipulando os objetos, estudando-os sob outra ótica, vendo do interior, com bonitos efeitos especiais. Pode fazer alguma caridade, pode ficar furioso e destrutivo, pode assumir-se o Rei do Mundo, com trágicas conseqüências. Sofre tremendamente com a humildade necessária e suas escolhas, encolhe-se de medo, imagina-se traído quando não o foi, usa feitiços para forçar o amor das mulheres antes de reconhecer como se aproximar, suprime a liberdade das pessoas, satisfaz-se com sua inocência.

                            Há muitas oportunidades a investigar, rendendo uma seqüência poderosa e forte.
                            Vitória, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário