domingo, 12 de fevereiro de 2017


Nossas Tarefas

 

                            Desde faz um tempo vou e volto na condução que nos leva aos postos fiscais escrevendo as idéias e as patentes. Chego em casa e passo a limpo, no computador e ao papel. Lá, desde faz muito tempo relativo, anoto também, e leio na folga da chegada dos motoristas e das notas fiscais, enquanto não estou trabalhando, pois ao trabalho naturalmente dou prioridade absoluta. Enquanto ninguém chega leio e anoto.

                            Ao vir para casa escrevo. Escrevo continuamente há mais de dez anos e foi assim que pude passar bastantes coisas ao papel. Falo de mim porque nada sei, faço questão de não saber das vidas dos outros, pois seria intromissão; se soubesse seria indecoroso falar delas sem permissão, às vezes por escrito.

                            Não estou me autolouvando, de jeito algum, seria muito chato, chatíssimo, horrenda inclinação. Só estou lembrando que todos nós, e cada um pode fazer mais, muito mais do que estamos fazendo, até mesmo eu, que ainda poderia me dedicar a ler mais em casa. Por ser gordo eu ficava bastante cansado. Agora que estou emagrecendo a coisa está rendendo mais um pouco.

                            Creio que podemos nos organizar melhor para produzir para a coletividade, quando tenhamos coisas relevantes a dizer, e todos, de um modo ou de outro, temos. Acho que o mundo precisa mais de nossa dedicação. Vejo que as escolas não nos prepararam para essa organização de nosso tempo, infelizmente. Poderiam ter dito como e o que produzir, como usar nosso tempo de folga. Infelizmente as escolas só nos prepararam para as tinturas em torno das necessidades burguesas, mesquinhas e egoístas ao extremo. Elas não se preocuparam com nossa felicidade, elas não nos ensinaram a sermos felizes (pois, veja, posso testemunhar, escrever e fazer coisas para o coletivo traz grande felicidade).

                            Vitória, sábado, 19 de abril de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário