Nossas Tarefas
Desde faz um tempo
vou e volto na condução que nos leva aos postos fiscais escrevendo as idéias e
as patentes. Chego em casa e passo a limpo, no computador e ao papel. Lá, desde
faz muito tempo relativo, anoto também, e leio na folga da chegada dos
motoristas e das notas fiscais, enquanto não estou trabalhando, pois ao
trabalho naturalmente dou prioridade absoluta. Enquanto ninguém chega leio e
anoto.
Ao vir para casa
escrevo. Escrevo continuamente há mais de dez anos e foi assim que pude passar
bastantes coisas ao papel. Falo de mim porque nada sei, faço questão de não
saber das vidas dos outros, pois seria intromissão; se soubesse seria
indecoroso falar delas sem permissão, às vezes por escrito.
Não estou me
autolouvando, de jeito algum, seria muito chato, chatíssimo, horrenda
inclinação. Só estou lembrando que todos nós, e cada um pode fazer mais, muito
mais do que estamos fazendo, até mesmo eu, que ainda poderia me dedicar a ler
mais em casa. Por ser gordo eu ficava bastante cansado. Agora que estou
emagrecendo a coisa está rendendo mais um pouco.
Creio que podemos
nos organizar melhor para produzir para a coletividade, quando tenhamos coisas
relevantes a dizer, e todos, de um modo ou de outro, temos. Acho que o mundo
precisa mais de nossa dedicação. Vejo que as escolas não nos prepararam para
essa organização de nosso tempo, infelizmente. Poderiam ter dito como e o que
produzir, como usar nosso tempo de folga. Infelizmente as escolas só nos
prepararam para as tinturas em torno das necessidades burguesas, mesquinhas e
egoístas ao extremo. Elas não se preocuparam com nossa felicidade, elas não nos
ensinaram a sermos felizes (pois, veja, posso testemunhar, escrever e fazer
coisas para o coletivo traz grande felicidade).
Vitória, sábado, 19
de abril de 2003.
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