No Mundo da Lua
Usualmente, quando
se diz que alguém está “no mundo da Lua”, quer-se dizer que “variou”, no falar
popular, enlouqueceu, está caducando, pirou, está com parafuso solto na cabeça.
Seria um
filme-pilôto e toda uma série depois, começando prosaicamente com um barquinho
(ao fundo a música brasileira, O Barquinho) saindo ao mar, ou chegando à praia
no entardecer, com as pessoas velejando, pescando, o que fosse de bonachão, com
marolas, com nuvens no céu, com golfinhos, como se fosse a Terra mesmo. Só
depois se veria que tudo isso se dá numa imensa cratera lunar, o oxigênio
minerado do solo misturado a hidrogênio formando bilhões de toneladas de água,
os gases impedidos de sair por qualquer garrafa magnética (nenhuma estrutura
suficientemente alta para conter nuvens resistiria ao próprio peso).
A partir daí viria a
trama, ao final da qual se veria as várias crateras, cada uma das quais na
mesma situação, representando não uma ou duas ou três nações, mas a comunidade
delas, a globalização completada, século XXII, 2120, digamos.
Veja que a Lua tem
um raio médio de 1.740 km, o que dá uma superfície de 4πR2 = 4 x
3,141592... x (1.740)2, pouco mais de 38 milhões de quilômetros
quadrados, menos de um, treze avos (1/13) da superfície da Terra, mas 4,5 vezes
a área do Brasil. Veja que lá não é um ambiente construído, que recebemos de
graça, sem medida de riqueza, mas cenário a construir, com metro monetário. Faz
todo sentido a migração maciça aos perigos (e às oportunidades) PORQUE é a
solução de problemas que nos dá futuro. Com a vantagem de a Lua exercer em sua
superfície um sexto da gravidade terrestre, permitindo construções muito mais
ousadas e vários esportes que não podem ser praticados com tanta leveza em
nosso planeta.
A Lua é, sem dúvida
alguma, um dos mais gratificantes presentes de Natureza/Deus, Ela/Ele, ELI,
exatamente porque é rústica, porque é grosseira, e deve ser redesenhada, passar
por arquiengenharia de terraformação.
Fora Marte, cuja
área livre de oceanos é ainda maior (raio médio de 3395 km, área de 144,8
milhões de quilômetros quadrados, 3,8 vezes a da Lua, 17,0 a do Brasil,
equivalente às terras emersas de nosso planeta), a Lua É O QUE HÁ, de imediato,
no horizonte das propostas humanas, até porque ela se situa a no máximo 450 mil
km, ao passo que Marte pode estar distante duas centenas de milhões deles. À
Lua podemos ir em uma semana, ao passo que Marte consumiria seis meses, 24
semanas, relação de utilidade de 24/1.
Então, para todos os
efeitos, a Lua é nossa mira atual.
Vitória,
terça-feira, 29 de abril de 2003.
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