quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017


No Mundo da Lua

 

                            Usualmente, quando se diz que alguém está “no mundo da Lua”, quer-se dizer que “variou”, no falar popular, enlouqueceu, está caducando, pirou, está com parafuso solto na cabeça.

                            Seria um filme-pilôto e toda uma série depois, começando prosaicamente com um barquinho (ao fundo a música brasileira, O Barquinho) saindo ao mar, ou chegando à praia no entardecer, com as pessoas velejando, pescando, o que fosse de bonachão, com marolas, com nuvens no céu, com golfinhos, como se fosse a Terra mesmo. Só depois se veria que tudo isso se dá numa imensa cratera lunar, o oxigênio minerado do solo misturado a hidrogênio formando bilhões de toneladas de água, os gases impedidos de sair por qualquer garrafa magnética (nenhuma estrutura suficientemente alta para conter nuvens resistiria ao próprio peso).

                            A partir daí viria a trama, ao final da qual se veria as várias crateras, cada uma das quais na mesma situação, representando não uma ou duas ou três nações, mas a comunidade delas, a globalização completada, século XXII, 2120, digamos.

                            Veja que a Lua tem um raio médio de 1.740 km, o que dá uma superfície de 4πR2 = 4 x 3,141592... x (1.740)2, pouco mais de 38 milhões de quilômetros quadrados, menos de um, treze avos (1/13) da superfície da Terra, mas 4,5 vezes a área do Brasil. Veja que lá não é um ambiente construído, que recebemos de graça, sem medida de riqueza, mas cenário a construir, com metro monetário. Faz todo sentido a migração maciça aos perigos (e às oportunidades) PORQUE é a solução de problemas que nos dá futuro. Com a vantagem de a Lua exercer em sua superfície um sexto da gravidade terrestre, permitindo construções muito mais ousadas e vários esportes que não podem ser praticados com tanta leveza em nosso planeta.

                            A Lua é, sem dúvida alguma, um dos mais gratificantes presentes de Natureza/Deus, Ela/Ele, ELI, exatamente porque é rústica, porque é grosseira, e deve ser redesenhada, passar por arquiengenharia de terraformação.

                            Fora Marte, cuja área livre de oceanos é ainda maior (raio médio de 3395 km, área de 144,8 milhões de quilômetros quadrados, 3,8 vezes a da Lua, 17,0 a do Brasil, equivalente às terras emersas de nosso planeta), a Lua É O QUE HÁ, de imediato, no horizonte das propostas humanas, até porque ela se situa a no máximo 450 mil km, ao passo que Marte pode estar distante duas centenas de milhões deles. À Lua podemos ir em uma semana, ao passo que Marte consumiria seis meses, 24 semanas, relação de utilidade de 24/1.

                            Então, para todos os efeitos, a Lua é nossa mira atual.

                            Vitória, terça-feira, 29 de abril de 2003.

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