quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017


Mente Caçadora e Conexividade

 

                            Na sequência do modelo da caverna podemos pensar que, se os homens eram caçadores e as mulheres coletoras isso criou duas mentes diferentes, a das mulheres voltada para o passado e a conservação e a dos homens orientada para o futuro e a renovação. Isso é bom ruim para os dois lados – são opostas/complementares essas mentes, uma não pode viver sem a outra. É porisso que casamos: sem as mulheres seríamos só 50 %, e vice-versa. Sem falar nos filhos e filhas.

                            Os homens não podem viver sem os cuidados de conservação das mulheres, pois é preciso guardar (não guardamos para o futuro, ao contrário do que quase todos pensam, mas para o passado – guardamos para o que já vimos acontecer, o aprendizado dos desastres, a memória dos tempos ruins que já presenciamos –, porisso, as propagandas de poupança estão todas erradas). Sem projetar o futuro as mulheres sucumbiriam, pois ficariam eternamente cuidando da mesma horta, até o esgotamento total do solo.

                            Agora, que é essa mente caçadora?

                            Já vimos que é pontual e linear, por comparação com a coletora, que é planar e espacial - as mulheres vêem o plano e o espaço à volta com tremenda acuidade visual, mas não focam em linha e pontualmente, não distinguem os objetos terminais.

                            Se for assim, na caça é preciso distinguir QUANDO e PARA ONDE se moverá o ponto, dentro da linha, ou seja, como a presa se deslocará, qual será seu futuro. Qual a chance de um rio que foi visitado há seis semanas mudar de lugar? Qual a probabilidade de uma manada se deslocar no inverno seguinte e para onde? Suponho que caçadores incapazes de fazer pré-visões estejam inclinados ao fracasso total, à fome, ao desaparecimento de seus genes.

                            Daí que os dois modos de vida tenham favorecido diferentes modos de ver o mundo. O masculino favoreceu a conexividade dinâmica dos elementos, O PROCESSO, enquanto o feminino patrocinou a conexividade estática dos dados, O OBJETO, voltando-se para este em completa dependência, em estrita vinculação. Isso no mínimo nos diz que devemos ter DUAS TELAS DE COMPUTADOR (duas chamadas “telas amigáveis”) e duas condições gerais de trabalho em escritórios, ao contrário do que se pensava até agoraqui. Nos diz também que homens serão bons na criação de programas de computador, no estabelecimento dos PROCESSOS DE PARTÍCULAS, que se referem a relação entre objetos, e as mulheres na visualização perfeita do CAMPO DOS OBJETOS, quer dizer, onde colocá-los. Homens não seriam tão bons no Feng Shui, a arte oriental de colocação das coisas.

Sendo assim, os objetos vão produzir nas mulheres verdadeiros comichões de posse, alucinações de detenção das coisas, coceiras de apossamento. Elas vão ficar literalmente CONECTADAS AO OBJETO, ao passo que para os homens eles significariam até perigo, pois dificultam o movimento (quem quer em trânsito carregar muitos bagulhos?) e até inviabilizam a caça, exceto naturalmente os objetos de caça, quer dizer, as armas e armadilhas. Como já disse, isso mostra dois tipos de vendas e trocas.

                            Vitória, domingo, 23 de março de 2003.

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