Imaginário Árabe
Em seu livro, A Descoberta, Rio de Janeiro, Record,
1984, Steve Shagan diz de passagem na página 188: “No mundo árabe, a imagem é
tudo”. Essa simples passagem me fez relacionar muita coisa.
Como o Alcorão
(al-corão, O Livro) proíbe imagens os árabes voltaram-se desde 622, ano da fuga
de Meca que marca o início do calendário muçulmano, para a caligrafia
rebuscadíssima, de que existem exemplos maravilhosos através de todo o mundo
Árabe.
Então, para todos os
efeitos, poderíamos dizer que evitaram as imagens? Não fosse essa simples
passagem de Shagan eu teria afirmado que sim. Agora, veja, eles não retratam
pessoas ou animais, mas constroem edifícios de cinco bilhões de dólares e
outros monumentos, compram carros luxuosos, enfeitam-se à bessa, constroem
palácios – de modo que não evitaram a armadilha, renegaram a palavra de Deus.
Caíram direitinho, procurando evitar a todo custo.
Ora, nos dizem a
dialética, o TAO e o modelo que quanto maior for a pressão para um lado, maior
ela será para o outro, na soma zero. A mola ou tensor dialético é armada (o),
de tal modo que é como puxar um tecido de borracha: cria-se um buraco ou uma
montanha, significando tensão em toda a volta – essa multidão de pequenas
flechas forçará o tecido a voltar a seu estado natural, e quanto maior for a
violência para um lado maior ela será para o outro, oscilando poderosamente em
torno do centro ou equilíbrio. Toda proibição significará escape,
contornando-se a interdição. Quando Alá proibiu, por seu emissário Gabriel, as
imagens no mundo Árabe não disseram o que seria isso; os islamitas, achando que
fossem apenas as imagens dos seres, dinâmicos, criaram imagens estáticas, de
coisas, passando a venerá-las, negando com isso a Alá da maneira mais abjeta,
pior que a dos cristãos. Como eu já disse, a adoração antiga das imagens
evoluiu para o uso delas como retrato da Divindade e dos santos. A imagem é
apenas o roteador da memória. Como diz o TAO: o que parece não é e o que é não
parece. Rio bastante disso tudo.
Vitória, segunda-feira,
24 de fevereiro de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário