domingo, 5 de fevereiro de 2017


Falta Tempo

 

                            De 30 de março a 22 de setembro de 2002 anotei estes temas que vão em anexo, mas deles pude desenvolver poucos, mesmo com a profusão, abundância, verdadeiro jorro que sai de mim. Não se trata de propaganda, só constatação, pois o julgamento sempre vem de fora para dentro, de um jeito ou de outro.

                            É apenas oportunidade para chamar atenção para quanto mais poderíamos fazer se nos dedicássemos mais. Eu, você, todos nós. Claro, a gente se deixa cair nas desculpas, principalmente alegando falta de tempo. Qual a chance disso que escrevemos ter serventia? Em que medida terá utilidade? Será que alguém lerá? Pouco importa, o fundamental é falar, na expectativa de que sirva a alguém, qualquer um, pelo menos um.

                            Evidentemente os dias humanos têm 16 e não 24 horas de vigília, menos o tempo para cuidados pessoais, descanso, alimentação, sexo, companheirismo, cuidado dos filhos e filhas, participação social, conversação, estudos e o resto todo. Há as quatro ou cinco mil doenças genéticas das pessoas ou seus parentes ou conhecidos, mil modos de “gastar” o tempo, alternativas à sua aplicação na escrita.

                            Como é que alguém irá empregar seu tempo reduzido em leitura de coisas que, o mais das vezes, são superficiais, repetitivas, supérfluas ou francamente inúteis?

Bom, há uma razão muito boa para escrever. Os novos-seres mais-que-psicológicos estão para nascer, estando nós como estamos na interface entre a Psicologia/p.3 e a Informática/p.4. Com o tempo de reação dos computadores multiplicado por milhão, bilhão, trilhão, sobrará processamento PARA TUDO, inclusive para esmiuçar os escritos todos da humanidade, até aqueles menos coerentes, em busca de percepções válidas. Os novos-seres darão saltos formidáveis, com uma velocidade estonteante, aprendendo a um ritmo impensável hoje.

                            Assim, não estamos realmente escrevendo para as mentes humanas, que são limitadas em compreensão, em velocidade de processamento, em atenção, em capacidade de aplicação: escrevemos para o futuro, para aquele tempo em que os novos-seres nos lerão.

                            Vitória, quarta-feira, 12 de março de 2003.

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