Espanto Renovado
Há uns 15 anos,
estando na universidade (UFES), numa daquelas vezes em que lá entrei, fui à
Biblioteca e fique repassando, sem saber ler em inglês, as revistas que dos EUA
chegavam, para ver as figuras. Deparei com os desenhos de rodas de veículos, em
especial de automóveis, que estavam em processo de mutação acelerada, com a
introdução das ligas leves oriundas do programa espacial americano.
Eram rodas
belíssimas, assim como os novos pneus, por comparação com as rodas-de-carroça
que eram “adaptadas às condições brasileiras”, de superexploração dos coiós.
Tempos depois, como sabemos, Collor entrou e chamou os carros de carroças,
razão de sua modificação posterior, até o ponto de sairmos de uma oferta de 20
ou 30 tipos, que vinham se propagando muito semelhantes no tempo por três
décadas, até a superoferta de 400 ou mais, como me disse Gabriel.
Ah! - como o Brasil
era atrasado.
Agora, tendo acesso
à TV fechada, por assinatura e a cabo, posso olhar os canais alemão (DW),
italiano (RAI), português (RTP), japonês (NHK), americano (CNN) e o
americano-traduzido ao espanhol (CNN en español). Não há da França, nem da
Espanha, nem da Grã-Bretanha (mas tinha, antes), nem da restante América do
Sul, nem da África, nem da Austrália, nem da China, nem de quaisquer outros
lugares. Dei de prestar um pouco mais de atenção a eles, mesmo não entendendo
as respectivas línguas, e meu espanto se renovou, pois eles deram novo salto,
enquanto o Brasil continuou deitado em berço esplêndido, fazendo cagadas,
apesar de alguns avanços de Fernando Henrique Cardoso, agora ex-presidente.
Ah! - como o Brasil
continua atrasado.
Meu eterno otimismo,
minha vibração está acabando. Não creio mais no progresso deste país, que ele
vá dar os saltos necessários para equiparar-se ao Primeiro Mundo, mormente se
eu entregar o modelo, as posteridades, as ulterioridades e os livros aos
estrangeiros.
Pobre Brasil,
ignorantes elites daqui.
Vitória,
quarta-feira, 12 de março de 2003.
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