domingo, 5 de fevereiro de 2017


Escalada

 

                            O filme Robocop (em inglês Robô-policial ou policial-robô) teve duas continuações, no total três filmes. Agora lançaram Robocop, a Ressurreição, que nem apareceu nos cinemas brasileiros, só na TV, como série. Fora ter enfraquecido sucessivamente, muito mais em termos de trama nesse quarto, tem falhas notáveis.

                            Pense na realidade:

1.       Os militares dispõem no Exército (e muito mais nas Forças Armadas) de verbas incomparavelmente maiores que os policiais todos juntos. As dotações para o Departamento de Defesa ultrapassam sem medidas as da CIA (Central Intellicence Agency, Agência Central de Inteligência, ou espionagem, em geral operando no exterior) e do FBI (Federal Bureau Investigation, Escritório Federal de Investigação, interno, só opera nos EUA), quanto mais das polícias estaduais e municipais/urbanas – os militares não deixariam a Polícia geral ter um “pacificador” urbano antes deles mesmos. Se as FA tivessem fatalmente seriam copiadas de dentro por organizações terroristas;

2.      SE TIVESSEM seriam inquestionavelmente copiadas de fora, numa escalada acelerada, produzindo-se modelos cada vez mais aperfeiçoados, criando-se uma onda de melhoramento exponencial, como se fez na aviação, com os navios e submarinos, em tudo, em poucos anos, em trinta anos se tornando irreconhecíveis os modelos mais velhos;

3.      Se são ciborgues e andróides tão poderosos o que os impedirá de suplantarem os seres humanos?

Em vista desses raciocínios e outros é fácil ver que Robocop é apenas uma sombra de filmes MUITO MAIS interessantes que investigassem essas alternativas de exércitos de robôs, que depois se insurgiriam contra os seres humanos, como é insinuado em O Exterminador do Futuro, com Schwarzenegger, levando a desdobramentos, esses sim, formidáveis, permitindo-nos abordar as questões humanas relativas ao crescimento indiscriminado do conhecimento, ligadas àquelas de Frankenstein, da grande Mary Shelley. Um formidável tema foi perdido, pois poderiam ter sugerido que o policial-robô era aquele mesmo Frankenstein em outra roupagem. Enveredaram pelo infindável tiroteio policial. É uma pena. Às vezes as pessoas quase tocam a grandeza. Quase. Esse tiquinho que falta é justamente o que nos aborrece, pois faltou audácia, imaginação, respeito pelo espectador, uma quantidade de sensibilidades das quais o dinheiro que se tenha ganhado nunca será substituto razoável.

Vitória, segunda-feira, 03 de março de 2003.

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