domingo, 12 de fevereiro de 2017


Elites Universitárias

 

                            No livro de Juremir Machado da Silva, O Pensamento do Fim do Século, Porto Alegre, L&PM, 1993, na página 23 e seguintes ele entrevista (novembro de 1989, há 14 anos) José Arthur Gianotti:

                            “JAG – A universidade é o lugar da elite. É uma elite. A universidade deve ser de elite. Porque os países precisam de elites. O problema não é que os países possuam elites, mas que o acesso às elites seja democraticamente aberto e que as elites tenham compromisso com o restante da nação. O que acontece no Brasil é que nós assistimos à destruição completa das escolas primária e secundária. É essa destruição que está impedindo que a população brasileira tenha acesso à universidade. A solução não é de forma nenhuma abrir a universidade para os ignorantes e incompetentes; mas, pelo contrário, é restabelecer a escola pública como a condição do fortalecimento do ensino”.

                            Visão cristalina.

                            Antes do modelo eu não aceitava as elites, detestava-as por sua incompetência e fúria concentradora, o que ainda são e praticam, por sua falta de percepção dos propósitos maiores das nações. Mas agora entendo que façam parte do Desenho de Mundo, classes do TER: A, B, C, D e O, que é o centro. De fato devemos ter elites, embora devam ser elites lúcidas, educadas e capazes de compreender o DM, a parte que tomam nele.

                            Contudo, creio que a alternativa do Ministro Paulo Renato, do governo FHC, foi correta, de multiplicar o número de escolas particulares, de modo a permitir a formação, como que num segundo grau melhorado, de muitas dezenas de milhões de brasileiros, havendo no Brasil, como nos EUA, as melhores escolas e aquelas que apenas formam, sem conceder verdadeiro papel de liderança.

                            Darcy Ribeiro também via a universidade como o lugar de formação das elites, de que as nações necessitam, como que de um cérebro coletivo, dependendo delas como o povo será tratado e como o país crescerá, para a liberdade ou para a concentração excessiva e malsã da renda. Se será um país bom ou ruim de se viver. Se o povo será feliz ou infeliz.

                            Apesar da abertura do Paulo Renato, Gianotti está certo: não se deve fraquejar, abrindo-se a universidade para os ignorantes. Isso não, nunca; quem não souber se esforçar que fique de fora.

                            Vitória, segunda-feira, 14 de abril de 2003.

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