Elites Universitárias
No livro de Juremir
Machado da Silva, O Pensamento do Fim do
Século, Porto Alegre, L&PM, 1993, na página 23 e seguintes ele
entrevista (novembro de 1989, há 14 anos) José Arthur Gianotti:
“JAG – A
universidade é o lugar da elite. É uma elite. A universidade deve ser de elite.
Porque os países precisam de elites. O problema não é que os países possuam
elites, mas que o acesso às elites seja democraticamente aberto e que as elites
tenham compromisso com o restante da nação. O que acontece no Brasil é que nós
assistimos à destruição completa das escolas primária e secundária. É essa
destruição que está impedindo que a população brasileira tenha acesso à
universidade. A solução não é de forma nenhuma abrir a universidade para os
ignorantes e incompetentes; mas, pelo contrário, é restabelecer a escola
pública como a condição do fortalecimento do ensino”.
Visão cristalina.
Antes do modelo eu
não aceitava as elites, detestava-as por sua incompetência e fúria
concentradora, o que ainda são e praticam, por sua falta de percepção dos
propósitos maiores das nações. Mas agora entendo que façam parte do Desenho de
Mundo, classes do TER: A, B, C, D e O, que é o centro. De fato devemos ter
elites, embora devam ser elites lúcidas, educadas e capazes de compreender o DM,
a parte que tomam nele.
Contudo, creio que a
alternativa do Ministro Paulo Renato, do governo FHC, foi correta, de
multiplicar o número de escolas particulares, de modo a permitir a formação,
como que num segundo grau melhorado, de muitas dezenas de milhões de
brasileiros, havendo no Brasil, como nos EUA, as melhores escolas e aquelas que
apenas formam, sem conceder verdadeiro papel de liderança.
Darcy Ribeiro também
via a universidade como o lugar de formação das elites, de que as nações
necessitam, como que de um cérebro coletivo, dependendo delas como o povo será
tratado e como o país crescerá, para a liberdade ou para a concentração
excessiva e malsã da renda. Se será um país bom ou ruim de se viver. Se o povo
será feliz ou infeliz.
Apesar da abertura
do Paulo Renato, Gianotti está certo: não se deve fraquejar, abrindo-se a
universidade para os ignorantes. Isso não, nunca; quem não souber se esforçar
que fique de fora.
Vitória,
segunda-feira, 14 de abril de 2003.
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